Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

segunda-feira, maio 31, 2004

Juliano o Apóstata-II

Sendo pagão, sem perseguir abertamente o cristianismo, parou de lhes conceder os privilégios os seus antecessores tinham dado, e garantiu a igualdade entre várias seitas e grupos rivais (as razões para isso é que são mais discutíveis). Mais curioso é são as suas tentativas de copiar os cristãos de forma inconsciente: tentou organizar os pagãos numa estrutura unificada, que se dedicasse à ajuda aos pobres e desfavorecidos, ao mesmo tempo que queria que apenas fossem para sacerdotes pessoas idóneas: basicamente um cristianismo com vários deuses. Também tentou limitar aos cristãos o acesso a cargos público e outras honrarias.
De notar que o exército em que ele apoiava era recrutado no ocidente que ainda estava pouco cristianizado. Nos campos a população mantinham-se pagãs (mais de 90%, mas o mesmo se passava no oriente), e nas cidades, as comunidades pouca força tinham (que já eram de si pouco desenvolvidas quando comparadas com as suas congéneres orientais). Ora sendo o cristianismo um fenómeno de cidades, sabemos que só nalgumas grandes cidades do oriente como Antioquia, Alexandria ou Constantinopla é que os cristãos já representavam a maioria.
Em 363 lançou-se numa campanha contra os persas; para tal utilizou as forças comitatensis (tropas móveis ofensivas) do ocidente e oriente (incluindo as tais tropas que se tinham rebelado uns anos antes sob o seu comando); a princípio correu bem avançando até à capital, mas os sassanidas evitaram o confronto directo recorrendo a raids e razias (beneficiando de uma cavalaria ligeira importante, por oposto ao exército romano ainda muito dependente de infantaria pesada) contras grupos de romanos isolados e serviços de abastecimento o que pôs o exército imperial em dificuldades; Juliano apercebeu-se que um cerco prolongado podia ter consequências fatais para o seu exército e ordenou a retirada, morrendo vítima de uma lança pouco depois. Privados da sua liderança, isolados e divididos, os romanos elegeram um novo imperador (Joviano) que se apressou a fazer um acordo de paz que cedia toda a mesopotâmia romana aos persas. Esta campanha foi um verdadeiro desastre para Roma: perdeu províncias e mais importante, tropas de escol romanas (ilírios, dácios e gauleses que tinham a ferocidade dos bárbaros mas com maior disciplina) que tiveram de ser substituídas por bárbaros.
O reinado de Juliano foi sempre visto de forma ambígua: desprezado pelos cristãos pela sua “traição” à religião oficial, outros vêm-no com mais indulgência pela sua tentativa de restabelecimento da cultura greco-romana (o romance de Gore Vidal é a esse título um bom exemplo). Simplesmente ele não se apercebeu que os tempos eram outros e que a cultura que ele tanto amava ia ser preservada precisamente por aqueles que ele tanto odiava, os “galileus”.
Q.F.M

sexta-feira, maio 28, 2004

Juliano o Apóstata-I

Juliano (332-363) foi um anacronismo no seu tempo: último representante da família de Constantino o primeiro imperador cristão, abraçou o paganismo.
Era filho de Juliano Constâncio, que era meio-irmão de Constantino o Grande (que já foi tratado pelo Filipe); Constantino mantinha boas relações com os seus irmãos e deu-lhes cargos e honrarias, chegando mesmo a partilhar na sua morte, o império entre filhos e alguns sobrinhos. Debalde, pois os seus filhos trataram logo de os eliminar, antes de se massacrarem entre si (questão de acabar com rivais), até só restar Constâncio II. O jovem de Juliano foi poupado com um meio-irmão (Constâncio Galo) devido à tenra idade e ambos foram exilados. Teve vários educadores, sendo um deles, um eunuco (Mardonius) que lhe instilou o gosto pela literatura e tradição pagã; com o tempo a vigilância abrandou e pode frequentar alguns dos melhores filósofos e retóricos do tempo, dando-lhe uma sólida educação; mas em compensação o Bispo Eusébio falhou completamente na missão de o educar Cristãmente. Em 351 o seu meio-irmão Gallus foi tornado César, sendo executado 3 anos depois por traição. Juliano ia nesses anos passando alternativamente da liberdade para a prisão domiciliária, aproveitando os períodos de liberdade para viajar e contactar filósofos (sobretudo os neo-platónicos). Em 355 é feito César (era o último sobrevivente) pelo seu primo Constâncio II (o principal responsável pelos massacres na sua família). Juliano é obrigado a casar com a irmã do imperador (Helena) para cimentar a relação entre ambos (o mesmo fora feito com Gallus e no período da Tetrarquia). Foi enviado para a Gália em 356 que estava a sofrer incursões dos alamanos e francos; passou os anos seguintes em campanha para restabelecer a situação, numa guerra de guerrilha, incursões e algumas batalhas (daí a necessidade de auxilia palatina, que eram tropas mais versáteis para este tipo de conflito que a legião pesada). Em 360 o seu primo que estaria a ficar inquieto com a sua crescente popularidade junto das tropas e das populações, exigiu as suas tropas de elite (auxilia palatina, recrutados sobretudo na Gália e nas zonas afectadas) para uma campanha contra os persas; as tropas recusaram-se (implicava deslocar-se com as famílias a seguir para oriente e proclamaram Juliano como Augusto (imperador). Este aparentou recusar, depois tentou negociar com Constâncio II; os exércitos estavam prestes a encontrar-se para mais uma guerra civil quando Constâncio II morreu de causas naturais de forma conveniente (361), não sem antes ter nomeado Juliano seu sucessor legítimo. Chegado ao poder, instalou os seus seguidores, eliminou uma série de funcionários do defunto imperador, e sobretudo deu imenso poder aos militares (que era o grupo que o rodeara e levara ao poder).
Q.F.M.

terça-feira, maio 25, 2004



O CONSTANTINISMO No dia 28 de Outubro do ano 312 da nossa era, a cidade de Roma recebia de braços abertos o seu novo imperador, Flávio Valério Constantino, doravante conhecido como Constantino, o Grande (306/337). Era mais um na longa lista de líderes militares que, pela força das armas, ascenderam às mais altas magistraturas da República e à púrpura imperial. Mas a população da Urbs ficou estupefacta com a atitude do novo príncipe; ao contrário dos seus antecessores, Constantino não agradeceu a difícil vitória sobre o seu rival, Maxêncio, aos velhos deuses do Capitólio. Para escândalo de muitos, o novo príncipe atribuiu a vitória ao “Deus dos Cristãos”.

Mas a benevolência de Constantino para com o Cristianismo não era nova. Constantino era filho de Constâncio Cloro, um dos quatro imperadores previstos pela tetrarquia instituída por Diocleciano. Quando o pai faleceu, no ano 307, Constantino ocupou o seu lugar como Augustus da metade ocidental do Império. Nessa altura, o jovem imperador agradeceu a Marte e a Apolo a sua ascensão à púrpura. Mas, ao mesmo tempo, suspendeu a perseguição aos Cristãos (que fora decretada por Diocleciano), e ordenou, inclusive, a restituição dos bens das igrejas.

Entretanto, aproveitando o facto de Constantino se encontrar em Treveri (actual Trier), junto da fronteira do Reno, o Senado e a Guarda Pretoriana proclamaram imperador o seu cunhado Maxêncio, filho do antigo Augustus Maximiano. A princípio, Maxêncio adoptou o título menor de Princeps, manifestando assim a sua submissão ao Augustus. Mas a luta entre ambos era tida como inevitável, tanto que Maxêncio não perdeu tempo em reclamar para si o título de Augustus; e abertas as hostilidades no ano 312, Constantino invadiu Itália, enfrentando o exército do rival em duas grandes batalhas, nas proximidades de Roma: Saxa Rubia e Ponte Mílvio.

Segundo escreveu o bispo Eusébio de Cesareia, na primeira destas batalhas o imperador terá tido um momento de êxtase, em que viu uma enorme cruz pairar nos céus, enquanto escutava uma estranha voz proferir as seguintes palavras: “Meus Pace est cum vos… In Hoc Signo Vinces” (“A minha paz está contigo…com este símbolo vencerás”(1)). De facto, e não obstante a inferioridade numérica, Constantino derrotou o exército adversário. Dias depois, travava-se nova batalha na Ponte Mílvio. Para entrar no centro da Urbs, Constantino tinha de tomar aquela ponte, então defendida pelas legiões de Maxêncio. Nessa altura, escutou novamente a mesma voz, que desta vez que lhe ordenava que substituísse as águias imperiais dos escudos romanos, por outro símbolo à sua escolha. E assim fez Constantino, que se apressou a afixar nos escudos as letras “chi” (“c” em grego, que tinha forma de um xis) e “rho” (“p” em grego), que vinham a ser as iniciais gregas de Cristo, logo encimadas pela coroa de espinhos. Mais uma vez, a vitória sorriu a Constantino; o exército inimigo não conseguiu manobrar devidamente naquela ponte demasiado estreita, e o próprio Maxêncio afogou-se no Tibre. Constantino era, doravante, o senhor de Roma e da metade ocidental do Império. E, anos depois, venceria o Augustus do Oriente, Licínio, tornando-se senhor absoluto do Império (324). Nessa altura, terminou definitivamente a perseguição dos cristãos.

Até que ponto corresponderá esta lenda à verdade? Teria o imperador recebido um sinal divino? Creio que, independentemente da sinceridade da sua conversão ao cristianismo, Constantino manifestou ser detentor de um apurado sentido político. Os Cristãos eram uma grande minoria, especialmente nas cidades mediterrânicas; o seu apoio seria crucial, principalmente em metrópoles como Roma, Cartago, Antioquia ou Alexandria. Conquistar o seu afecto seria, efectivamente, um passo importantíssimo no sentido da construção de uma nova ideologia imperial.

Em 313, Constantino decretou o famoso Édito de Milão, segundo o qual o cristianismo era declarado religio licita. Ou seja, os cristãos eram livres de praticarem a sua religião. Mas o imperador não se ficou por aqui; apercebendo-se da importância da Igreja, Constantino envolveu-se pessoalmente nas disputas e querelas entre as diferentes seitas e correntes. O imperador não ficou alheio às lutas entre ortodoxos, arianos e donatistas, presidindo ele mesmo a sucessivos concílios. Procurou forçar os cristãos à unidade, legislando sobre religião e perseguindo os “hereges”. Fundou uma “Nova Roma”, Constantinopla (actual Istambul), que seria a capital cristã, em oposição à velha Roma, que era ainda o coração do paganismo. Com certeza que outros factores, essencialmente económicos e militares(2), influíram na decisão do imperador em transferir a capital do império para as margens do Bósforo; mas com certeza que a vontade de construir uma capital totalmente cristã, sem quaisquer templos e monumentos pagãos, teve também o seu peso no processo decisório.

Não obstante a propaganda oficial o descrever como um dilecto filho da Igreja, Constantino não ficou atrás dos seus antecessores, no que diz respeito ao despotismo, à paranóia securitária e aos vícios privados. Mandou matar o filho e outros familiares e amigos, por suspeitas de traição, muitas vezes infundadas; agravou o código penal para um inaudito nível de brutalidade (a pena de morte passou a ser aplicada para dezenas de delitos, dos mais insignificantes aos mais gravosos). No entanto, procurou melhorar a condição dos escravos, coisa rara entre os governantes da época. Antes de falecer, e como era hábito então, o imperador fez questão de se fazer baptizar pelas mãos do ariano Eusébio, bispo de Cesareia. Nessa altura (337), já o cristianismo era a religião “da moda”; era-se bem visto socialmente por ser cristão. De tal modo contavam as aparências, que centenas de sacerdotes pagãos se “transferiram” automaticamente para a agora poderosa Igreja Cristã. De religião dos escravos e dos perseguidos, o cristianismo passou a religião da corte e dos cortesãos...

Para se tornar útil aos seus interesses políticos, Constantino compreendeu que a Igreja tinha de estar na devida ordem; daí que a tenha organizado um pouco à semelhança do governo imperial, então hierarquizado em prefeituras, dioceses, províncias e conventus. Além disso, atribuiu cargos políticos e administrativos ao clero cristão, inserindo-o assim nas engrenagens do governo imperial. Com Constantino, a Igreja ganhou em riqueza(3), influência política e estatuto social aquilo que perdeu em liberdade e pureza evangélica. Daí que um cardeal renascentista tenha dito: “A Igreja teme menos os Neros que os Constantinos!”. Esta é, também, a minha opinião pessoal.

Há que ter em conta que o sincretismo religioso foi um fenómeno constante ao longo da história de Roma. Desde os últimos séculos da República que os cultos orientais floresciam na Urbs e entre as classes dominantes. No século IV, Cibele, Isis, Mitra e Serápis tinham tantos ou mesmo mais adeptos que o cristianismo. Numa sociedade politeísta como a romana, uma pessoa podia adorar um deus sem que tivesse de deixar de adorar outro; vários governantes e imperadores tinham os seus deuses de eleição, sem que entrassem em ruptura com a religião oficial. Aureliano, por exemplo, adorava o “Sol Invicto” (tal como Constantino, na sua juventude), mas nem por isso deixava de ser o Pontifex Maximus da crença tradicional. Mas Constantino e Teodósio, no século IV, transformaram este cenário de relativa tolerância.

No século que se seguiu, a Igreja ganhou cada vez mais importância política e económica. O derradeiro combate entre o cristianismo e o paganismo deu-se na batalha do rio Frígido (394), em que o imperador cristão Teodósio venceu o pagão Eugénio, que usurpara o trono do Ocidente com o apoio do caudilho bárbaro Argobasto. Doravante, o cristianismo seria a religião oficial do Império e da Europa que lhe sucedeu. E isto, penso, foi mau para a Igreja e para a nossa civilização. Tal como Constantino não devia ter interferido nos assuntos da Igreja, também Teodósio não devia ter proibido o paganismo; ao querer impor o cristianismo como religião do Estado, Teodósio deu início ao triste capítulo das guerras de religião, da inquisição e do obscurantismo.

“Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (Mat. 22, 15- 22.)

C.J.P.


NOTA: este artigo foi publicado ontem no excelente blog Terra da Alegria, a convite do meu amigo José.



(1) É curiosa a semelhança entre esta lenda e a do nosso Afonso Henriques, antes da Batalha de Ourique. Até a frase é a mesma: “In hoc signo vinces!” O Constantinismo marcou o imaginário europeu durante muitos séculos.
(2) Muito poderia ser dito ainda a respeito das reformas de Constantino, o Grande, especialmente no que diz respeito às suas reformas do exército, que alguns autores do século V culpavam pela decadência militar romana.
(3) A chamada “Doação de Constantino”, documento com que, na Idade Média, os papas justificavam o seu domínio temporal sobre a Itália e o Ocidente é uma grosseira falsificação. Mas, e embora não tenha chegado a este cúmulo de oferecer ao Papa metade do seu império, é verdade que Constantino ofereceu à Igreja terras, palácios e outras incomensuráveis riquezas.

quinta-feira, maio 20, 2004

A Paixão de Cristo

Este post veio do Tempore, mas dados os meus colegas terem concordado,fica aqui; serve também de resposta ao Gabriel do blasfémia .
Vi recentemente um filme que foi polémico “A paixão de Cristo”. Vou discutir alguns erros ou incorrecções históricas que notei (não, não vou discutir o anti-semitismo, a crueldade, a suposta historicidade ou não dos acontecimentos ou outros elementos que foram debatidos há uns tempos atrás).
A primeira é inofensiva (por comparação com o que se discutiu) e quase passa despercebida: um oficial chama a Pilatos de Cônsul. É um erro algo grosseiro. Era o cargo mais prestigiado da república e como tal se mantinha no império; existiam 2 cônsules em Roma, um normalmente o imperador, e outro uma pessoa que tivesse cumprido o cursus honorum e o seu favor (de boas famílias). Terminado esse período, podia-se tornar procônsul (governador de uma província senatorial), o que não era o caso de Pilatos que era um legado ou pretor (nomeado directamente pelo imperador e não pelo senado, sendo comandante das tropas locais e saído de uma família equestre). Ou seja, é um erro algo básico para quem teve tantos cuidados de reconstituição (bastava consultar um daqueles esquemas hierárquicos sobre a administração romana que se encontra numa história universal para evitar esse erro) do período.
O outro é uma questão de opinião: Pilatos a falar em aramaico? Em Itália aprendia-se latim como língua mãe (os outros dialectos e línguas como o celta, osco, etrusco e afins tinham desaparecido ou estavam em vias de extinção reduzidas às populações camponesas de zonas isoladas); quem tivesse pretensões a ser culto aprendia o grego que era a língua literária (e para cargos nas zona oriental do império dava jeito, dado ser a língua franca, tal como o inglês actualmente). Ora o aramaico era a língua usada pelas populações semitas do próximo oriente (palestina, síria), mas quem vivesse em zonas urbanas também acabava por aprender o grego que se espalhara com os reinos helenísticos; quais as probabilidades de um governador romano dar-se ao trabalho de aprender uma língua de gente que desprezaria como bárbara (aramaico), se bastava usar outra que seria em princípio compreendida (grego). Poderia quanto muito usar um intérprete; além de que os legados eram normalmente rotativos; estaria num período numa província, terminado o seu mandato iria para outra e dar-se ao trabalho de aprender a nova língua (digamos o celta, o púnico)? Dá-me ideia de que não estiveram foi para filmar numa terceira língua e ficaram-se pelas duas (que já era complicado suficiente para os actores).
Outra dúvida: no filme, Jesus fala com Pilatos em latim (que era completamente ignorado no oriente fora das casernas). Duvido muito que soubesse latim; poderia saber como pequeno artesão o grego, o que não era invulgar (e comunicar com judeus vindos da diáspora) e comunicar com Pilatos nessa língua, mas isto é apenas uma suposição.

Q.F.M.

segunda-feira, maio 17, 2004

Casamento-II

O ano de 197 A.D foi importantíssimo para milhares de pessoas no império Romano: são considerados legais (se os interessados assim o quisessem), as uniões entre soldados e mulheres. Até então, os homens que se alistassem, teriam de esperar pelo fim da sua comissão (20 anos!) para poder contrair matrimónio; só era aceite como legal um casamento anterior ao alistamento. Ora sabemos que anteriormente a essa lei, muitos soldados viviam com mulheres e tinham filhos delas, mas se pretendessem proteger essa família teriam de fazer um testamento ainda em vida para que pudessem herdar os seus bens como poderia fazer a qualquer outra pessoa (dado que nunca seriam reconhecidos pela lei como legítimos herdeiros; se não houvesse testamento, não teriam direito a nada); também não lhes era (anteriormente à lei de 197) reconhecida a protecção que era dada a familiares de veteranos mortos em situação legal (casamento pós-retirada do exército). Desconhecemos com exactidão onde residiam os familiares: nas províncias orientais que tinham grandes cidades nas proximidades, as famílias poderiam viver em perfeita segurança mas nas zonas do Danúbio, Reno e norte de Inglaterra a questão é mais delicada: em postos isolados fora do acampamento à mercê de ataques é mais provável que vivessem sob a protecção do acampamento (sabemos que assim era com as mulheres dos legados e centuriões que viviam em aposentos com estes).
A nova lei exigia no caso do soldado ter várias concubinas (utilizo este termo para designar as mulheres com quem vivera não o podendo de forma legal) que só uma fosse escolhida para esposa legítima (dado que em certas zonas do império a poligamia ser aceite, mesmo que a lei romana não o reconhecesse), sendo os seus filhos considerados herdeiros legítimos.
Mais um elemento curioso da lei romana: auxiliae voluntários ou conscritos podiam até à nova lei, pedir a anulação pura e simples de um matrimónio contraído antes do alistamento, não tendo o soldado qualquer responsabilidade para com a ex-família...
A conclusão que podemos tirar da legislação anterior à lei de 197 é que se pretendia libertar os soldados de quaisquer outras amarras (nomeadamente psicológicas) para além do exército (seria a presença de uma família vista como um elemento de amolecimento da tropa?). Para a transferência de tropas de um local para outro a presença de família poderia ser considerada um obstáculo. Mas Septimo Severo (o imperador que promulgou a lei) viu bem: a maioria dos voluntários eram filhos de soldados, estes viviam com família (não esperando pelos 50 anos para constituir uma) e não valia a pena ignorar as realidades ao dificultar a entrada ao grupo que mais recrutas fornecia ao exército.
Q.F.M.

quarta-feira, maio 12, 2004

PERSONAGENS (VI): OCTÁVIO CÉSAR AUGUSTO (cont.) Nem o comando de 25 legiões e as honrarias que o Senado lhe atribuía o faziam esquecer o trágico destino de César, seu pai adoptivo; daí que Augusto tenha encontrado uma forma de perpetuar o seu poder sem que este fosse considerado demasiado evidente ou ostentatório; devia parecer que as velhas formas de governação – a mos maiorum – continuavam em vigor.

Os consulados sucessivos (de 31 a 23 a.C.) não eram, contudo, uma forma eficaz de, a longo prazo, manter o poder. Em 13 de Janeiro de 27 a.C., no que poderia ser considerado uma brilhante encenação, Octávio afirmou no Senado que pretendia afastar-se da vida política. Seguia assim o exemplo de grandes romanos do passado, como Cincinato ou Camilo, que depois de salvarem o Estado, voltaram à vida privada sem desejarem quaisquer honrarias ou retribuições. Doravante, dizia Octávio, seria apenas um privatus, ou seja, um cidadão privado. Surpreendidos - ou fingindo estar - os senadores irromperam em súplicas e aclamações, pedindo ao homem providencial para que não os abandonasse novamente nas mãos dos senhores da guerra e das violentas facções que, durante décadas, haviam minado a República. Octávio, o restaurador da Respublica, era assim o seu guardião.

Nesse dia, Octávio recebeu o título de Princeps Senatus e de Augustus, o que lhe conferia mais autorictas - autoridade moral - que ao próprio Senado. E, após muitas súplicas do Senado, recebeu também o comando das províncias espanholas (excepto a Bética), de Chipre, do Egipto, Gália e Síria, por uma década (e que seria depois renovado). Ou seja, os territórios ainda não completamente pacificados, e onde, por razões óbvias, se concentravam os recursos militares do império. Assim sendo, Augusto comandava praticamente todas as legiões; apenas a África mantinha uma legião sob o comando de procônsules nomeados pelo Senado, mas por pouco tempo. Anos depois, Augusto receberia também o imperium infinitum maius, o que lhe dava mais imperium (poder) que o atribuído aos governadores provinciais nomeados pelo senado. Ou seja, tinha mais poder que qualquer outro funcionário.

Mais importante ainda, foi o facto de receber o poder tribunício (tribunicia potestas) de forma vitalícia; embora patrício, Augusto herdava os poderes e as competências dos tribunos da plebe. Doravante, podia fazer leis e vetar decisões do senado.

Com a morte de Lépido, no ano 13 a.C., Augusto foi também nomeado Pontífice Máximo. O círculo estava completo: além de amo do estado, Augusto era agora o chefe da religião romana. E finalmente, a atribuição do título de Pai da Pátria (Pater Patriae), no ano 2 a.C. elevou-o a Pater Familias da República. República essa que, com a instauração do Principado, se transformara numa monarquia militar encapotada.

(continua)

Cargos

Grande parte dos conhecimentos que se possuem sobre a organização do exército e da administração do baixo-império, devem-se a uma obra chamada Notitia Dignitatum. Esta é uma listagem com todos os cargos relevantes, e o número de unidades, o que dá um panorama menos fragmentado que em outros períodos. O problema é que esta lista não é facilmente datável; os investigadores pensam que ela teria sido redigida em meados do séc. IV e sucessivamente corrigida nas décadas seguintes, embora por vezes, certos elementos não o fossem. Por exemplo, são referidos os funcionários e tropas da Bretanha (actual Inglaterra) o que indicaria uma data anterior a 410 (quando os romanos evacuaram a Bretanha), mas a referência a outras tropas indicaria uma data tão tardia como 427. Os manuscritos sobreviventes são do séc. XVI, sabendo-se que remontam a um do séc. X) hoje perdido, copiado de um do período carolíngio e por assim em diante... A lista não nos dá as funções, apenas os cargos e as zonas geográficas de onde se reportam e as unidades militares. Outro pormenor é apresentar duas listas, uma para o império do ocidente e outro para o do oriente.
Quem está familiarizado com a terminologia da república e do principado (cônsul, procônsul, pretores), entra num mundo novo: magister equitum per Gallias (mestre da cavalaria das Galias), comes sacrarum largitionum (conde da sagradas liberalidades ou ministro das finanças se preferirem), dux Pannoniae Secundae (duque da Panonia Segunda). São acrescidos os títulos de illustris (ilustre- para os membros mais altos da hierarquia como os acima indicados), speciabilis (este é mais difícil, entre louvável e especial e era usado para administradores locais e oficiais), clarissimus (honrado- para cargos administrativos); o problema é que esse títulos dependiam por vezes do prestígio do território em questão mais do que do cargo em sí (existiam províncias mais prestigiadas que outras apesar do cargo ser o mesmo), de maneira que vemos governadores e comandantes militares de legiões que são apenas clarissimus, além de que o imperador podia querer recompensar alguém pelos seus bons serviços, dando-lhe esse título.
Para além de essa terminologia barroca, vemos que os romanos mantinham todo um staff (rationalis summarum britanniarum- uma especie de contabilista responsável pelas verbas recolhidas na Bretanha, exceptores- secretários) e uma carreira regida de acordo com regras que tinham de ser cumpridas antes de se atingir o topo da carreira administrativa. É certo que o favor imperial podia facilitar ou vedar o acesso a certos cargos (houve um eunuco que foi nomeado consul, coisa que lhes era à partida vedado, enquanto que todos os cargos “domésticos” do palácio eram-lhes normalmente reservados, dada a natureza específica para que tinham sido “criados”.
Numerosas queixas eram apresentadas contra toda essa administração feita (de acordo com o queixosos) para extorquir dinheiro aos contribuintes, com casos de corrupção à mistura, sendo apresentada por alguns autores como um das causas para a queda do ocidente ao ajudar o marasmo económico, enquanto outros vem-na como indispensável, dado que obtinha o necessário para pagar o exército que mantinha Roma a salvo dos bárbaros.
Q.F.M.

segunda-feira, maio 10, 2004

NOVAS LIGAÇÕES Temos já algumas ligações para sites relacionados com a Roma Antiga, e para leituras que recomendamos. Com o passar do tempo, mais ligações serão acrescentadas. Espero que gostem!

C.J.P.

Origens de Roma (I)

A lenda da fundação de Roma entronca em Eneias.
Porque motivo os romanos foram buscar um ancestral de origem troiana para seu fundador? Na verdade, Eneias sendo troiano, era acima de tudo grego. Ele encarnava, assim, os valores de uma civilização bastante admirada pelos romanos. Atribuindo a sua proveniência directa a um personagem de Homero, eles outorgavam uma origem prestigiante aos primeiros romanos e, ao mesmo tempo, embebiam as suas raízes nos modelos gregos.



Esta origem lendária terá nascido algures no século V a.C., o que permitiu aos romanos afirmar a sua superioridade sobre as outras cidades italianas que os rodeavam.
Mas porquê Tróia? Roma, ao atribuir-se uma origem grega mitológica, não se podia filiar em qualquer outra cidade grega, cuja história era bem conhecida, mas apenas em Tróia, em grande parte pela sua natureza ignorada.
No entanto, Eneias possuía ainda outra particularidade: Ele era filho de Vénus. Assim, os romanos podiam-se vangloriar de descender de uma deusa. Eneias era também um modelo de virtude, pelo respeito que evidenciou para com os seus ancestrais. Era o herói ideal, um modelo de qualidade que se pretendia para esta nação.
Ainda que legendária, a história de Eneias não foi totalmente inventada. Ela pode testemunhar uma influência distante de marinheiros gregos, presentes no mar Tirreno já desde os séculos XIV a.C., embora sem evidências arqueológicas que o confirmem. Talvez, num sentido mais alargado, a vinda de Eneias corresponda, grosso-modo, à chegada a Itália de povos conquistadores indo-europeus.

M.C.O.

sexta-feira, maio 07, 2004

NOVO LOOK Como podem constatar, este blog sofreu algumas alterações gráficas, para que se possa tornar mais agradável aos nossos leitores. Mas além da mudança de visual, o "Roma Antiga" conta agora com uma nova funcionalidade; de forma a evitar a dispersão da informação - um dos maiores problemas da blogosfera - dividimos o nosso arquivo em secções temáticas, de forma a facilitar a consulta (na coluna à direita). No entanto, o sistema ainda não está 100 por cento operacional, pelo que vos pedimos a necessária compreensão.

Serão também acrescentados novos links, para sites temáticos e para obras (para já, apenas de ficção) cuja leitura recomendamos.

Pedimos desculpa aos inúmeros amigos que nos têm linkado ou referenciado, por ainda não termos retribuído as ligações. Fá-lo-emos em breve.

C.J.P.

quinta-feira, maio 06, 2004




PERSONAGENS (VI): OCTÁVIO CÉSAR AUGUSTO Nascido em Nola (Campânia), a 24 de Setembro do ano 63 a.C., Caio Octávio era filho de um senador com o mesmo nome, que se distinguira como governador da Macedónia e que recebera o cognome de “Turino”, por ter esmagado uma revolta de escravos na região do Túrio.

Embora de origem modesta – os Octávios eram uma família “burguesa” de Veletri, no Lácio – Caio Octávio Turino ascendeu rapidamente na política romana, a que não será alheio o facto de ser casado com Átia, sobrinha de César. Mas a sua morte prematura, em 58 a.C., impediu-o de atingir o consulado.

Átia casou de seguida com o senador Lúcio Márcio Filipe, o que fez com que os filhos de Octávio Turino, Caio Octávio e Octávia, ficassem doravante sujeitos a um novo pater familias. Mas César, que cedo se apercebera das capacidades intelectuais do sobrinho, acabou por adoptar Octávio quando este completou 18 anos de idade (45 a.C.). Passou então a chamar-se Caio Júlio César Octaviano, tornando-se herdeiro do nome e da vastíssima fortuna do ditador.

Depois de combater em Espanha sob a ordens do pai adoptivo, na vitoriosa campanha contra os filhos de Pompeu (45 a.C), Octávio foi enviado para o Epiro (moderna Albânia), para tratar dos preparativos da anunciada campanha de César contra os Partos. E foi lá que, na sequência dos Idos de Março de 44 a.C., recebeu a notícia do assassinato do pai adoptivo, às mãos dos conspiradores liderados por Bruto.

Regressado a Itália, reclamou a sua herança e, com grande astúcia e habilidade, conseguiu o apoio e a adesão dos veteranos de César à sua causa. A sua juventude e aparente ingenuidade enganou os adversários políticos, que julgavam estar a servir-se dele, quando acontecia precisamente o contrário. Em cartas aos amigos, Cícero confessava que o jovem César (Octávio) era facilmente manipulável. E, na verdade, o astuto jovem queria fazer crer que assim era; de modo que, quando Cícero e António se aperceberam do quanto estavam enganados a seu respeito, era já tarde demais para que se pudessem livrar dele.

Entretanto, os conspiradores dos Idos de Março foram obrigados a fugir para o Oriente. António, Octávio e Lépido formaram o chamado “segundo triunvirato” – que, ao contrário do primeiro, assumia existência legal – para vingar a morte de César e restabelecer a ordem. Os dois partidos recrutaram exércitos e prepararam-se para o confronto final entre republicanos e cesaristas: e em Philipos (na parte europeia da actual Turquia), em 23 de Outubro de 42 a.C., a causa de Bruto e Cássio foi definitivamente perdida. Octávio ficou muito mal visto por não ter tomado parte no combate, a pretexto de uma febre; António ficou assim com os louros da vitória, certo de que seria ele o sucessor de César.

Vencidos os republicanos, procedeu-se à divisão do Império: António ficou com o Oriente, onde estavam as províncias mais ricas; Lépido com a Sicília e Octávio com o resto do Ocidente. Sexto, filho do grande Pompeu, dominava ainda o mar e grande parte da Hispânia.

Entretanto, os triúnviros decretaram proscrições: milhares de cidadãos foram executados e os seus bens confiscados. Octávio ficou algo mal visto, nestes seus primeiros anos de governo; Suetónio conta que certa altura, perante um pedido de clemência de um proscrito, o jovem triúnviro respondeu friamente: “É preciso morrer”. Cícero, o velho orador, foi um dos condenados à morte, entre muitos outros senadores e equites. Estas proscrições acabaram de vez com muitas famílias da velha aristocracia, que há séculos governava Roma.

Nos anos seguintes, Octávio alicerçou o seu poder em Roma e na Itália, fundando colónias e distribuindo terras aos veteranos de César. Venceu finalmente os pompeianos, valendo-se da ajuda do seu colega triúnviro do oriente; e debelou uma tentativa de golpe liderada por Lépido, que exilou e cuja vida poupou, talvez por respeito ao facto de aquela personagem ser ainda o Pontifex Maximus, chefe da religião romana.

De seguida, Octávio preparou-se para o embate final com António, começando por desacreditá-lo devido à sua união escandalosa com a rainha do Egipto, Cleópatra. Quando o triunvirato terminou oficialmente, em 33 a.C., foi restabelecida a República e procedeu-se à eleição de novos cônsules que, por sinal, eram partidários de António. Mas Octávio não se deixou afastar do poder: entrou na sala de reuniões do Senado com os seus legionários, substituiu os cônsules por outros da sua confiança, e enviou a António os magistrados depostos e respectivos partidários no Senado, num total de mais de 300 pessoas. A guerra civil reiniciou-se.

No ano seguinte, em 32 a.C., Octávio declarou guerra a António e Cleópatra. Em 2 de Setembro de 31 a.C., a armada de Octávio vencia em Actium, seguindo-se a conquista de Alexandria, em 29 a.C. Abandonado por muitos dos seus partidários – que sem qualquer pudor se passaram para a facção vitoriosa – António suicidou-se. E Cleópatra, depois de, sem êxito, tentar seduzir Octávio - e perante a vontade deste em fazê-la desfilar no seu cortejo triunfal - suicidou-se deixando-se morder por uma áspide. Cesárion, filho de César e Cleópatra, foi também executado por ordem de Octávio, assim como os filhos adultos de António e Fúlvia (ver “Matronas Célebres I”, neste blog). Os filhos de António e Cleópatra, contudo, foram poupados e enviados para a casa de Octávia, em Roma, onde foram educados a expensas de Octávio.

Senhor do Estado, Octávio era mais poderoso que Sila e César alguma vez sonharam. Tendo ficado com grande parte dos bens dos proscritos, era riquíssimo; e sendo reconhecido como princeps senatus pelo Senado (27 a.C.), deu início ao regime chamado do Principado. A verdadeira prova da astúcia de Octávio consistiu em manter a ficção das velhas instituições republicanas, quando na prática se estava a instaurar uma monarquia absoluta. Era uma solução tipicamente romana: sem romper de vez com a tradição, surgia um nova forma de exercer o poder.

Depois de muito deliberar, o Senado atribuiu-lhe então o título de “Augusto”, o que lhe conferia mais “auctoritas”, ou seja, autoridade moral, que ao próprio Senado. Augusto era agora o primeiro dos cidadãos. E como detinha o império proconsular e o poder tribunício, era doravante o senhor absoluto do Estado. Continuavam a existir cônsules, mas eram por ele escolhidos, tal como os restantes magistrados.

(Continua)

C.J.P.

terça-feira, maio 04, 2004

Às armas, às armas… (2)

O exército romano em tempo de paz tinha, mesmo assim, uma série de deveres a cumprir.
Destacavam-se, entre eles, a vigilância dos vários territórios do Império, bem como as respectivas fronteiras com o inimigo externo, treinavam-se em manobras bélicas, em paradas e até em práticas desportivas.
Optavam também por desenvolver algumas actividades produtivas, como o fabrico e manutenção das armas e armaduras, a exploração mineira ou apenas o controlo dessas áreas, bem como a extracção de matéria-prima essencial para o fabrico de materiais de construção das suas dependências (como as telhas, os tijolos, a madeira para as cercas de paliçadas, a pedra de cantaria para as construções, etc.).
Por outro lado, alguns oficiais podiam ser canalizados para determinadas funções político-administrativas, como a chefia de corpos policiais e de segurança, a coordenação e fiscalização de operações mais delicadas em minas ou pedreiras, os casos de cobrança de impostos a comunidades revoltosas, ou as situações de definição conflituosa de limites entre províncias ou municípios. Também aqui se incluem tarefas de diplomacia, sendo muitas vezes enviados pelo imperador representantes militares a governadores de província ou a príncipes dependentes do poder imperial.
Mas são as obras de engenharia, a acção mais notável do exército em tempos de paz. Não só estas construções nasciam no decurso da própria actuação militar, como eram programadas, a longo prazo, para dar satisfação às necessidades básicas e futuras do exército.
Das obras mais frequentemente incumbidas aos soldados romanos enumeram-se os acampamentos; os postos de observação, as torres e os fortes de fronteira; as estradas, as rampas e as pontes.
Por onde o exército romano passou, deixou as marcas sólidas da organização do seu trabalho. Esses actos de pura engenharia acabavam por se constituir em importantes obras públicas, de utilidade imediata para as populações adjacentes.

In ENCARNAÇÃO, José d’ (1988). A estratégia do poder na Roma Antiga - do séc. II a.C. ao séc. III da nossa era. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

M.C.O.