Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

The Fall of the West-II
São apresentadas as carreiras de Diocleciano e de Constantino. Ele aponta que apesar de todas as especificidades que são habitualmente indicadas, ambos tinham uma característica comum: eram generais que tinham passado por guerras civis, tinham sido bem sucedidos e tinham acumulado poder militar suficiente para não serem desafiados seriamente por ninguém. Ambos eram cruéis, mas dadas as condições mentais do tempo, dificilmente eles poderiam ter agido de outro modo. Em compensação o aumento da burocratização é claramente apontado como uma medida desastrosa. Os imperadores passaram a receber as informações sobre o que se passava de forma muito filtrada, sendo apontado um caso em que um imperador (Valentiano) foi apesar da sua boa vontade completamente enganado por uma década sobre uma guerra (de que recebia informações de que não tinha existido) no norte de Africa.
A sua visão sobre Juliano é muito mais mitigada. Juliano foi bem sucedido no Ocidente, mas combateu unicamente com pequenos exércitos (por vezes de algumas centenas de homens contra outro tanto). Quando chegou ao oriente, a empresa ultrapassava-o (apesar das dimensões do exército romano não ultrapassarem os 30.000 soldados). Deixou-se matar como um simples soldado, deixou o exército numa situação aflitiva, e o seu sucessor (Joviano) dispôs-se assinar com os persas o que fosse preciso para preservar o seu exército morrendo pouco depois (de morte natural).
Sobre Adrianopolis, ele não dá valor à batalha em si mesmo, mas ao facto de Roma ter demorado anos a reagir e juntar um exercito contra os bárbaros, e depois da destruição do seu exercito, demorar tanto tempo a livrar-se deles. Isso significava uma enorme inércia por parte das autoridades romanas.
Outra questão é colocada: quais os efectivos do exercito romano? De acordo com a notitia dignitatum, deveria rondar os 700000. Simplesmente, entre a atrição de batalhas e escaramuças, dificuldade de recrutar homens para uma profissão de grande risco e que era mal paga, a corrupção dos oficiais que não declaravam os homens mortos e continuavam a receber o soldo, a redução de unidades em zonas calmas a simples destacamentos (embora mantendo o nome de legião), e a nomeação de oficiais para unidades não existentes ou desaparecidas de forma a garantir uma reserva de oficiais (ou forma de os recompensar), significava que os efectivos poderiam ser bem menos de metade do que seria de supor. Determinadas unidades destruídas em combate ou por falta de verbas, poderiam ser mantidas no papel à espera de serem um dia recrutadas.
A partir do século V, vemos os governantes no ocidente do império com cada vez menos tropas a tentar fazer frente a cada vez mais ameaças; os seus recursos não lhes permitem fazer frente a tudo e o perigo de usurpadores, levava-os a não confiar noutras pessoas. O homem forte do momento (Estilicão, Aécio), pura e simplesmente comandam eles próprios as tropas mas evitam as batalhas decisivas: tem apenas um exército, não o podem perder pois ficariam a mercê de usurpadores ou das suas próprias tropas que não estavam para ficar com derrotados; assim acabam por preferir perder pedaços do império a arriscar batalhas indecisas e só arriscam quando são obrigados, perdendo cada vez mais fatias do império, reduzindo ainda mais a sua capacidade de manobra. Os imperadores durante meio século nada fazem, para além de assassinar os seus melhores servidores. Com a morte de Valentiano III, os imperadores são mais dinâmicos e tentam salvar a situação, mas com poucos recursos estão completamente dependentes dos bárbaros que os apoiam, que preferem assassina-los a aguardar o mesmo destino de Aécio; assim impede-se qualquer solução de recuperação, até que finalmente o império desprovido de todo o território, deixa de ter sequer a existência legal, com a deposição de Rómulo Augustulo (embora o imperador legitimo continuasse a viver por mais uns anos).

A propósito, dado que sou eu que mantenho o blog sozinho de há um par de anos para cá, decidi colocar o meu nome verdadeiro (o gmail obrigou-me a fazer umas actualizações, e acabei por decidir mudar isso).