Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

terça-feira, abril 26, 2005

Os Partos
Povo de origem Indo-europeia, de que pouco mais se sabe. Tudo o que sabemos é graças a fontes exteriores. Eram um povo nómada que falava uma língua iraniana (provavelmente adoptada por se terem instalado no norte da Pérsia). Alguns investigadores dizem que já seriam súbditos da dinastia Persa aqueménida. Só se começa a ouvir falar deles efectivamente no séc. II ac, depois de infligirem uma série de derrotas aos seleucidas. O seu império estendia-se parte da mesopotânia até à Pérsia (para leste, outras tribos venceriam os greco-bacterianos). Contra os romanos, nunca tentaram grandes ofensivas: uma das maiores derrotas romanas (a de Crasso, que já foi aqui descrita por um colega meu), resultou de uma invasão romana. Mais tarde, as campanhas de Trajano e Septimo Severo vingaram na aparência a derrota de Carae, mas nada de concreto deram a Roma. Ora o último soberano Parto, depois de uma campanha bem sucedida contra os romanos, viu o príncipe de uma pequena zona revoltar-se (o que era habitual) e derrota-lo, mata-lo e fundar uma nova dinastia (o que era novo) em 224. Os restantes pequenos reinos partos iriam submeter-se (a bem ou mal) e as grandes famílias passariam a obedecer à nova dinastia (sassánida).
A sua localização estratégica permitia-lhes controlar a rota de comércio para o oriente (China e Índia), o que lhes dava uma imensa riqueza. Politicamente tinham uma “espécie” de feudalismo: possuíam um reino suserano, e depois pequenos reinos estados teoricamente vassalos (que na prática eram independentes quando a autoridade central enfraquecia). Não possuíam uma arte propriamente nacional, mas empregavam todas as correntes existentes numa área tão rica culturalmente como a sua. Numerosos soberanos eram philo-helenos, apoiando activamente a cultura grega. Religiosamente eram extremamente tolerantes, aceitando as religiões tradicionais semíticas, o Judaísmo, o paganismo greco-romano e o zoroastroismo.
Do ponto de vista militar, usavam grandes massas de cavaleiros arqueiros (que disparavam e fugiam), acompanhados de cataphractes (cavalaria couraçada). Se não tinham possibilidades de vencer em carga directa uma legião, no deserto cortando os abastecimentos aos romanos acabavam por ser eficazes (e é preciso não esquecer que a maioria dos seus inimigos eram povos nómadas que atacavam rapidamente e fugiam ainda mais depressa).
Q.F.M.

quarta-feira, abril 20, 2005

Os celtas
Depois de umas semanas muito complicadas, volto a retomar a minha participação neste blog. Continuando o tema a que me propus, vou escrever sobre os celtas.
Termo genérico que designa um conjunto de povos de origem indo-europeia que tinham alguns elementos de cultura comuns e que se espalharam pela maioria da Europa, e parte da Ásia. Existem tantas informações escritas sobre eles (muitas delas falsas e fantasiosas) que tentarei ser o mais sucinto possível.
Embora a arqueologia os detecte cedo (anteriormente ao I milénio), os gregos são os primeiros a dar-lhes nome. Vistos como selvagens, belicosos, além de ocuparem a Europa, deambularam pelo mundo clássico conquistando, pilhando, ou servindo como mercenários. Haníbal usava-os, os vários reinos sucessores de Alexandre também (até os Lágidas os empregaram).
Vários grupos entraram pela Itália no séc. V a.c., instalaram-se no norte de Itália, quebraram o poder dos etruscos e mais tarde e saquearam Roma. Depois de uma série de guerras, os celtas da Itália seriam dos soldados mais fieis e aguerridos da península (sim, mesmo mais do que os do Latium!).
Na Gália e Bélgica estiveram divididos em pequenos estados que só se unificaram (parcialmente) com a ameaça de Júlio César no séc. I a.c.sobre a autoridade de Vercingetorix (demasiado tarde), podendo-se ler as peripécias desse conflito nas guerras da Gália de César.
Na península Ibérica, as diversas tribos celtas estavam mais ou menos misturadas com as populações autóctones e resistiram o melhor possível nos séc. II e I ac. contra Roma acabando por ser também conquistados.
No séc. I (a expedição de César anterior, não teve consequências) é a vez dos bretões serem conquistados.
Os gálatas tinham sido derrotados por Átalo um dos epígonos, e obrigados a se fixarem na Ásia Menor (parte da Turquia), onde mais tarde seriam adversários/aliados e depois membros do império romano.
A maioria dos territórios a leste do Reno em posse dos celtas acabou, por ser conquistados pelos germanos (embora se mantivessem tribos que se movimentariam até Marco Aurélio e sobretudo na Irlanda e Bretanha.
Caracterização cultural é um bocadinho complicada de povos que tendo origem comum, se espalharam por zonas tão diversas. A princípio tinham como arma principal o carro, mas depois acabaram por abandona-lo (com excepções). A maioria usava pequenas unidades de loucos furiosos (gaesatai) que combatiam nus. Boa parte do seu armamento (espada, grande escudo, capacete foi copiado sem vergonha pelos romanos (que mais tarde o abandonaram em favor de equipamento germânico). Tinham uma joalharia e um domínio da metalurgia que ainda hoje nos impressiona nos museus com os seus motivos naturalistas e geométricos (ok, pelo menos impressiona-me a mim). No seu estereótipo, viviam em pequenos clãs com uma aristocracia guerreira que vivia das armas, o resto da população era livre ou semi-livre (embora existissem escravos). Eram indisciplinados, lançando insultos aos adversários, vivendo para a sua honra de guerreiros e do clã. Possuíam verdadeiras cidades e dedicavam-se ao comércio, agricultura e pecuária.
A par dos chefes, existia uma outra autoridade, a dos druidas. Eram sacerdotes que possuíam grande autoridade moral, e de resto pouco se sabe de concreto, dado que não deixaram escritos seus e o que sabemos foi pelos romanos que eram seus adversários fidagais.
Q.F.M.