Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Desonra
È já sabido que os membros das legiões desenvolviam e era-lhes incentivado um espírito de corpo. Através de cerimónias, e rituais pretendia-se reforçar os laços da unidade. Uma legião que perdesse o seu estandarte, considerava-se desonrada (sabe-se os esforços que Augusto fez para recuperar as águias perdidas por Crasso, e depois Cláudio para recuperar as do exército de Varro). Uma legião que se portasse de forma indigna podia ser dizimada (sendo morto aleatoriamente 1/10 dos efectivos) ou ser mesmo dissolvida (pretorianos com Septimo Severo). Para aumentar a humilhação de uma unidade podia-se arrastar o estandarte pela lama em público literalmente (no caso dos pretorianos, vários suicidaram-se com o sucedido). Com as guerras civis, as unidades vencedoras recebiam nomes elogiosos (sempre fiel, ou o cognome do imperador) ou no caso de perderem serem colocadas em má situação. Ora queria apresentar um caso interessante: o da III Legio Augusta. Esta, depois de ter intervindo numa guerra civil do lado perdedor (239?), foi dissolvida com uma excepção, o de uma vexilatio (um destacamento colocado noutro local que teria no máximo um milhar de homens) que foi sendo transferido de local para local, com comandantes de outras legiões a supervisioná-los (dado que não tinham direito a oficiais próprios). Ao fim de uma quinzena de anos de bom comportamento, esta unidade que mantivera a sua identidade, conseguiu que a legião fosse restabelecida, recebendo um campo próprio.
Q.F.M.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Pax Romana
Bem, falando de jogos, também comprei recentemente um jogo sobre Roma, “Pax Romana”. É um jogo sobretudo dedicado à diplomacia e política que se passa nos últimos 2 séculos da república. Temos de escolher uma facção de Roma (populares, aristocratas, etc.), e temos de cumprir uma determinada agenda tendo cada facção, objectivos de vitória diferentes (sermos os mais ricos, ou os mais populares). Toda a política romana está lá: temos de fazer campanha para que os nossos vários candidatos ganhem as eleições para os diferentes cargos (questores, censores, cônsules); para essas candidaturas é preciso ter dinheiro (para distribuir pão, subornar eleitores). Como é difícil obter todos os cargos, devemos concentrar e escolher apenas os mais importantes (1 dos cônsules, 1 pretor e sobretudo 1 dos censores já que estes podem absolver-nos de escândalos de corrupção). É necessário também cumprir o cursus honorum (para o final do jogo já se pode passar por cima dessas formalidades). Depois de assegurar lugares de governo, podemos apresentar medidas a ser aprovadas pelo senado (importante ter boa oratória e mais $), como guerras, atribuição de fundos, distribuição de alimentos, etc. No caso de estarmos na “oposição”, não devemos sabotar sistematicamente os governantes, pois os mandatos são de 1 ano e arriscamo-nos depois de ter impedido um financiamento de jeito ao cônsul adversário ter de continuar a campanha militar sem tropas: é preciso pensar a médio prazo e no bem do país. Também nomeamos os governadores (e coloca-se a saque as províncias para se ganhar dinheiro e daí a necessidade dos censores). Como existem 6 facções, é facílimo o país tornar-se ingovernável com todas a facções a guerrear-se e sabotar-se (o que de facto aconteceu). Ao contrário de outros jogos, neste, Roma não tem uma direcção unificada com o resto do mundo à espera de ser conquistado; pelo contrário, as políticas vão ser muito aleatórias e o jogador raramente conseguirá concluir mais do que uma guerra bem sucedida (dado que pode perder o comando das tropas a meio de um conflito). Mesmo as legiões a partir de uma certa altura podem ser financiadas pelo nosso próprio bolso (no principio só com cônsules é que conseguimos controlar legiões), mas raramente teremos dinheiro para financiar grandes forças.
Em diplomacia, se temos de ser muito subtis com reinos helenísticos (alianças, exacções, tributos, etc.), com os bárbaros nem as aparências tem de ser respeitadas. Ainda temos a parte militar (tácticas e estratagemas) e económica (abertura de rotas, desenvolvimento de estruturas).
É um jogo que se torna de facto indigesto de tantos pormenores realistas que tem de ser geridos (demasiados menus que são muito pouco intuitivos), e o jogador arrisca-se a ver decorrer toda a política quase sem poder actuar (é facílimo aliás não nos preocuparmos com o bem estar de Roma e apenas da nossa facção com uma alegre dose de demagogia). Mas é o melhor jogo que já vi sobre Roma.
Q.F.M.

segunda-feira, janeiro 10, 2005



“ROME TOTAL WAR” Finalmente adquiri o “Rome Total War”, um jogo de estratégia passado na antiga Roma. O jogo é o terceiro da série “Total War”, da Activision. Difere bastante dos seus antecessores (Shogun Total War e Medieval Total War), principalmente no que diz respeito ao formato do “tabuleiro de jogo”. No entanto, é relativamente fácil aos jogadores de “Shogun” e “Medieval“ habituarem-se a essas inovações. E creio que, ao contrário da maioria dos filmes "históricos" e dos jogos deste género, "Rome Total War" não desilude os aficcionados da Antiguidade.

Os pormenores históricos estão bem fundamentados, a música e restantes sons são apelativos, e o grafismo é bastante agradável.

C.J.P.

O imperador Honório
Filho do imperador Teodósio, foi uma figura muito mais apagada que o seu pai. Nascido em 384, teve uma educação cortesã, livre de preocupações; subindo ao trono em 395 com a morte do seu pai, que dividira o império em 2 partes (já acontecera antes, mas desta vez foi definitivo), ficando o seu irmão Arcádio com a parte oriental. Teve um general de seu pai, o vândalo Estilicão que tratou de todos os assuntos importantes por numerosos anos; este fez os possíveis para manter a integridade do império, lutando contra diversos grupos bárbaros. Honório assassinou-o em 408, viu diversos povos ultrapassarem a fronteira e os visigodos saquearem Roma (foi então que se deu o famoso episódio da galinha já referido pelo
Marco). Incapaz de os expulsar, fez acordos com eles, atribuindo-lhes territórios em troca de fidelidade (que durava enquanto viam a presença de tropas romanas). Vários usurpadores tentaram obter a púrpura, mas fracassaram. Em consequência de uma das revoltas, a de Constantino na Bretanha, esta província acabou por ser abandonada à sua sorte. Curiosamente, este foi o último usurpador romano que se revoltou com tropas que estavam sob a sua directa alçada em vez de “emprestadas” por um comandante bárbaro limitando-se a figura de marioneta que seria a norma em seguida. Bem, Honório teve a sorte de ter um bom general (chamado Constâncio) que lhe foi fiel, tentou na medida do possível limitar a acção dos bárbaros que estavam dentro do império e eliminar os usurpadores; Constâncio casou com a irmã de Honório, fez um filho, o futuro (incapaz) Valentiano III, tornou-se co-imperador com Honório, mas morreu antes deste. Honório morreu em 423, sem sucessor nomeado, pois o seu sobrinho e irmã estavam exilados em Constantinopla; depois de mais um par de guerras civis, intervenções de bárbaros e usurpações Valentiano foi reconhecido, dando-se mais um passo decisivo para o fim do império.
Q.F.M.