Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

sexta-feira, março 04, 2005

Os Hunos
Vou começar hoje uma série de posts sobre os inimigos/adversários dos Romanos. Serão algo sucintos, e os primeiros vão ser... os Hunos.
Apesar de tudo o que se falou sobre eles, pouco se sabe de concreto. Seriam um povo asiático que alguns identificam com umas tribos nómadas expulsas pelos chineses. Depois de longamente deambularem (um grupo provocou sérios problemas aos persas sassánidas e outro ficou na Índia), sabemos que no séc. IV teriam fundado um grande império (nómada e dividido por diferentes líderes) no sul da Rússia, submetendo outras tribos. Elementos culturais são normalmente deduzidos de outros povos das estepes já que os romanos não se preocupavam muito em estudá-los correctamente. Tinham uma religião xamanista (com a crença em espíritos), viviam em tribos, clãs, e famílias com líderes que podiam ser hereditários ou eleitos dentro de certas famílias de origem divina, indivíduos capturados eram rapidamente integrados na população (mesmo que tivessem um estatuto inferior). Apesar das diferenças sociais, estas deviam-se mais a diferenças de estatuto e prestígio do que propriamente de estilo de vida. Combatiam usando o arco, atirando, retirando rapidamente e voltando a atacar até esgotar o adversário.
Quando se deslocaram para a Europa central, o seu exército modificou-se: era impossível as tribos manterem todos os seus cavalos, e só uma elite se manteve como cavaleiros; o resto tornou-se infantaria (podendo sempre recorrer a mais cavalaria das tribos submetidas para engrossar as suas fileiras).
Na primeira metade do séc. V, um dos chefes ao morrer deixou o trono aos 2 sobrinhos; um tratou de arranjar um “acidente” ao irmão e ficou na história como Atila o Huno. Lançou expedições contra o império romano do oriente, exigiu tributos e quando estes recusaram, lançou-se para o ocidente. Quase conquistou Roma, viu o seu exército (alanos, francos e ostrogodos) ser derrotado por uma coligação de romanos (mercenários germânicos) e visigodos, no que foi (exageradamente para mim considerada “a primeira vitória da Europa”). Atila foi retratado como um bárbaro sanguinário, o flagelo de Deus, um demónio e uma série de aspectos estranhos foram retratados como tudo o mais que se possa imaginar de insultos de um povo que se considera civilizado a bárbaros: que não tomavam banho (normal em povos das estepes), comiam carne crua em que se sentavam quando andavam a cavalo (chamaram-me à atenção de que isso faz sentido para quem anda muitas horas a cavalo sem uma sela decente, ajuda a evitar feridas), queimavam a cara (provavelmente escarificações).
Quando Atila morreu, os seus filhos entraram em guerra civil, os povos submetidos revoltaram-se e terminou o império huno (mas não o povo, dado que certas tribos se instalariam em bizâncio, na Europa de leste ou foram absorvidos por outros povos
Q.F.M.