Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

terça-feira, dezembro 21, 2004

DIREITO ROMANO Inseri uma nova secção na coluna de links, contendo ligações para sites sobre direito romano. Dois dos links nela incluídos remetem para um interessante portal sobre direito romano, pertencente a uma plataforma digital criada pela Área Científica de Direito da ESTIG/Instituto Politécnico de Beja. O terceiro link remete para o blog do Prof. Gianfranco Purpura, da Universidade de Palermo, dedicado ao Direito Romano e à Papirologia

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P.S.:Em nome da equipa do "Roma Antiga", agradeço a gentileza do Prof. Manuel David Masseno, Professor-Adjunto responsável pela Área Científica de Direito do Instituto Politécnico de Beja, ao informar-nos da existência destes recursos. Entretanto, estaremos abertos a mais sugestões sobre o direito romano ou outros temas, através do email imperium@portugalmail.pt

quinta-feira, dezembro 09, 2004

A Literatura Romana do Baixo-Império-V

Acabou o império romano do ocidente. Com a deposição do último imperador legalizou-se uma situação de facto. O que o substituiu foram diversos reinos bárbaros (normalmente germânicos); onde a latinização foi mais forte (Península Ibérica, Gália), a língua irá evoluir; noutros locais (Bretanha, Áustria) será substituída. É certo que ainda existe o império do oriente; este mantém até à década de 420 a obrigatoriedade de ter as sentenças escritas em latim (pobres funcionários!), sendo depois substituído pelo grego. O império conserva áreas latinas (Dalmácia, Africa depois da conquista aos vândalos, parte da Itália e sul da Hispânia), e tem mesmo imperadores que falam latim (Justiniano). O direito romano obriga a que os estudiosos do direito aprendam essa língua que é ensinada em Constantinopla e Beirute. Mas são apenas sobrevivências que rapidamente desaparecerão assim como os títulos. A língua do exército passa a ser o grego (e o huno, germânico, eslavo...). Com a conquista árabe, o império torna-se definitivamente grego.
No ocidente, por breve tempo os latinos são designados de acordo com a sua origem: galo-romanos, hispano-romanos, etc, antes de se fundirem com os conquistadores resultando no fim de uma classe laica culta (levando a que a igreja substituisse o estado em tudo o que é administração e cultura, permitindo a sobrevivência de fragmentos da cultura antiga). A língua latina está em evolução, e se alguns ainda escrevem correctamente, outros utilizam um latim já muito distante do clássico (enquanto outros misturam tudo alegremente). O grego deixou de ser a língua culta há muito: é certo que a língua ainda não é completamente desconhecida (mesmo depois da morte de Boécio), pois existiam na Gália bispos que estavam em posição de discutir em grego as conclusões que os concílios em bizâncio pretendiam impor; o que já não há depois de Boécio é autores que sejam capazes de criar pensamento nessa língua.
S. Bento (480-547)- O fundador dos Beneditinos, escreveu uma regra que sendo simples mas equilibrada (colocando de lado os exageros dos monges orientais ou irlandeses), esteve destinada a ter um sucesso inimaginável para o seu autor.
Venâncio Fortunato (séc. VI)- De origem italiana, escreveu numerosos poemas e uma história da vida de S. Martinho de Tours. Vivendo na Gália, as suas composições tanto utilizam um latim aceitável, como numerosos barbarismos; pode-se ver a evolução da língua em plena transformação.
Maximiano (séc. VI)- Este autor romano é um pagão (ainda existiam!) que se lamenta da vitória do cristianismo, e da perda das alegrias terrenas.
Cassiodoro (490-587)- Nascido de uma rica família romana, ainda seguiu o velho cursus honorum, até se tornar cônsul (514). Depois das guerras góticas acabou por se retirar para uma vida monástica (de facto, com essa guerra, a fachada romana que os reis ostrogodos se esforçaram por manter desaparecera: deixou de existir senado, cônsules, ou sequer dinheiro para manter os monumentos; quanto à população de Roma, passou de uma centena de milhar, para uns 10000, segundo as estimativas mais optimistas). Compôs diversas obras: elogios de soberanos, uma história dos godos, e numerosos comentários à bíblia.
Gildas (séc. V)- É um bretão (do território que é actualmente a Inglaterra), ou como os anglo-saxónicos chamam um “sub-romano”. É um monge que ficou conhecido pela sua obra “da destruição das ilhas britânicas”: é a única testemunha que nos ficou do período entre a retirada dos romanos e a estabilização dos reinos anglo-saxónicos (e do período “arturiano”. Para além das inevitáveis (e inumeráveis) referências bíblicas, o livro conta a chegada dos “bandidos” saxões, a traição de Vortigern, a grande vitória em Badon, e sobretudo acusa de indignidade os líderes do seu tempo (que se limita a nomear sem contexto e não, não fala de Artur).
Boécio (480-524)- Considerado por muitos o último filósofo antigo da latinidade. Nasceu de uma família aristocrática de Roma, fez o cursus honorum, chegando ao consulado; por questões políticas acabou executado por Teodorico. Passou diversos anos a traduzir as obras de Aristóteles para latim, que estariam destinadas a tornar-se basilares para o pensamento ocidental medieval (assim como obras de neo-platónicos, que só ficaram conhecidas graças às suas traduções). A sua obra mais conhecida é “da consolação da filosofia”, em que nota uma forte influência platónica.
Outros autores como S. Gregório Magno ou S. Isidoro de Sevilha não são aqui colocados, pois considero que já pertencem mais ao mundo medieval. E assim termino este assunto.
Q.F.M.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

A Literatura Romana do Baixo Império-IV
Estes são os último autores do período imperial romano ainda dignos de nota.
Cláudio Claudiano (n. séc. IV, f. em princípios do séc. V)- É um pagão de origem oriental (nasceu provavelmente no Egipto), que aprendeu o latim dos clássicos (não era a sua língua natal), acabando por residir no ocidente na corte imperial. Escreveu inúmeros poemas, sobretudo de carácter mitológico. Mas mais importante, escreveu imensos elogios aos grandes personagens da época (tornando-se uma boa mina de informações), e elogios à grandeza de Roma que admirava.
Rutílio Namaciano (n. finais do séc. IV, f. no séc. V)- Oriundo de uma grande família, também era pagão. No decurso de uma viagem elaborou uma espécie de roteiro descritivo poético(é o termo mais aproximado que arranjo). Como é comum, utiliza Virgílio e todos os outros clássicos latinos como inspiração. Elogia o paganismo, insulta o cristianismo (causador de todas as desgraças presentes, nomeadamente o saque de Roma por Alarico).
Flávio Merobaudes (séc. V)- Oriundo da Hispânia, teve direito a uma estátua no fórum Trajano. Ignora-se a sua religião, mas elaborou poemas cristãos (outros que eram pagãos faziam o mesmo por encomenda).
Apolinário Sidónio (séc. V)- Talvez a figura mais conhecida deste período, nascido da aristocracia galo-romana. Escreveu inúmeros poemas, no qual descrevia o ambiente e a sociedade em que vivia. Alguns pormenores são curiosos: tendo de conviver com os bárbaros, queixa-se de que estes nas suas festas cantam poemas guerreiros de que nada se compreende (atendendo a que cantavam em germânico...); também se queixa do quão complicado era a língua literária (de facto o latim clássico muito pouco tinha com latim vulgar na Gália que estava a caminho de se transformar em francês).
Q.F.M.