Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Música romana

Este post deu muito trabalho a investigar mas é fácil de escrever. Porque não se sabe quase nada da música da Roma Antiga. Podem esquecer os filmes que viram; a série “Roma” tem uma sonoridade que não ficando mal, faz-me lembrar um jogo de computador “Pharaoh”. Qual a dificuldade? É que enquanto dos gregos sobreviveram várias pautas (de forma aleatória o que não garante que fossem de qualidade ou representativas) e numerosos tratados musicais que permitem algumas reconstituições umas melhores outras outras piores (e algumas soam muito estranho, parecendo dever mais a
Pierre Boulez, mas afinal é um tipo de música de uma civilização diferente) de Roma não há nada. E no entanto sabemos que a música era importantíssima: era tocada em festas, cerimónias, concertos. Pouco se sabe da evolução da sua música: a música romana (etrusca?) foi rapidamente influenciada pelos gregos e com a expansão do império por outros povos submetidos.
Os instrumentos disponíveis: a lira (com diferentes tamanhos, alguns com sonoridades bem diversas), flauta, uma espécie de alaúde, órgão, tambor, tuba. Existem grupos que se dedicam a interpretar música romana, mas sem uma única pauta, é no mínimo duvidoso... Continuando, a música não possuía harmonias, e muitas vezes deveria apenas acompanhar a voz, no caso de ser declamado um poema.
Mudando de assunto: Bom ano novo!

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Bom Natal!
Os membros do blog vem desejar um bom natal a todos os leitores!
Q.F.M.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Recrutamento
Um artigo que li sobre as uniões dos soldados romanos do princípio do império levanta questões interessantes.
Os legionários estavam proibidos durante o período do serviço (+ ou- 25 anos) de casar. Mas por numerosas inscrições, testamentos e outros registos, sabe-se que eles mantinham ligações estáveis com mulheres (que viviam fora do acampamento), só podendo casar com elas depois de ter terminado o serviço (e quaisquer filhos nascidos durante o período de serviço seria considerado ilegítimo, tendo de ser “adoptado” e ter de ser referido expressamente no testamento para herdar o que quer que fosse). Só com Septimo Severo se alterou a situação que legalizou e acabou com a burocracia que permitia os soldados tomarem conta das suas famílias e situações de dificuldade (um jovem que tivesse começado uma ligação e engravidasse a sua companheira, se não fizesse um testamento rapidamente e morresse em combate, deixava a sua família sem nada).
Ora alistando-se os soldados por volta dos 17/20b anos, e ficando colocados nas guarnições da fronteira (pouco ou nada romanizadas), seria de esperar que as mulheres fossem indígenas. Mas a onomástica (utilizando os 3 nomes puramente latinos) dessas mulheres indica aparentemente que elas são todas romanas (à volta de 99%). Dado que é pouco provável que imigrassem dezenas de mulheres romanas (ou romanizadas de longa data) para essas fronteiras, o que é mais provável é que as indígenas mudassem pura e simplesmente de nome; é sinal de que era considerado muito importante que aparentemente os soldados romanos (mesmo que fossem auxiliares) casassem unicamente com romanas.
Em seguida é feita uma breve estatística: de dois em dois anos eram recrutados cerca de 250 homens, sendo no mesmo período licenciados cerca de 120 veteranos (isto em anos normais). Isso significa que entre batalhas, deserções, doenças, cerca de 50% dos efectivos do exército não terminavam o tempo normal de alistamento (numa atricção que deveria ser superior à dos civis). Isso significava que dificilmente o exército conseguiria encontrar nos filhos dos legionários homens suficientes para manter os seus números tendo de recorrer a pessoas de fora; o exército nunca se poderia manter como uma casta fechada.
Q.F.M.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

O monumento vencedor




Bem, o vencedor do mês de Novembro acabou por ser o teatro de Mérida.
Mérida foi fundada por Augusto e foi povoada inicialmente com veteranos de duas legiões. Tornou-se a capital da província da Lusitânia e teve direito aos edifícios públicos de qualquer cidade de alguma importância: templos, arcos de triunfo, um forum, banhos, um anfiteatro, um teatro, etc. O teatro é ainda impressionante (com uma excelente acústica, ouvi uma pessoa a declamar lá poesia), sendo utilizado em espectáculos actualmente (óperas, teatro, de vez em quando na Rtp2 lá passam os um espectáculos que decorrem).

Para o mês de Dezembro e Janeio (excepcionalmente vou esticar a votação dado ser período de férias) o concurso vai ser sobre quem consideram o pior governantes de Roma (não tem de ser imperadores). Os motivos podem ser os mais variados: incompetência pura, actos desastrados (mesmo que bem intencionados), negligência, loucura. E sabe Deus que a Roma não faltou nada disto.
Q.F.M

quarta-feira, dezembro 06, 2006

A religião Romana-V
O exército romano dava uma enorme importância à religião: afinal, se os deuses não estivessem satisfeitos, as batalhas seriam perdidas. Deste modo, antes dos combates, os áugures efectuavam sacrifícios para adivinhar/captar o favor dos deuses. Alguns dias do calendário que eram considerados nefastos, eram evitados para travar uma batalha.
Mesmo em período de paz, o culto dos deuses não era negligenciado: era mais um elemento da rotina das legiões, como o treino, a manutenção do material, a disciplina. Em primeiro lugar, vinham os deuses estritamente do Panteão romano (Júpiter, Marte, etc). Em seguida o Génio de Roma (a personificação da cidade) e do Imperador também eram adorados. De modo igual aos civis era prestado culto a uma série de virtudes que eram tratadas como divindades: a coragem, a sorte, a vitória. Os acampamentos romanos possuíam capelas onde era prestado alguns desses cultos (outros eram feitos em altares improvisados) podendo existir mesmo uma imagem (normalmente no caso do imperador). Finalmente o próprio estandarte da legião recebia um culto especial: ele representava a própria legião, e perde-lo representava uma desonra irreparável (no reinado de Cláudio lançou-se uma expedição até à Escandinávia para se recuperar emblemas de legiões destruídas umas décadas antes e Augusto no seu acordo de paz com os Partos teve como prioridade a recuperação das águias perdidas de Crasso).
A estadia das legiões em áreas tão diversas e o recrutamento de estrangeiros levou a que outras divindades fossem sendo adoradas pelos deuses. Mas do ponto de vista oficial, as novas divindades não recebiam culto regular a menos que associada a uma divindade tradicional (eram os legionários que se quotizavam para construir capelas e efectuar cerimónias).
Até ao séc. IV, o exército continuou a ser um bastião do paganismo (tal como o senado), só se tornando num exército cristão no séc. V (na parte oriental, porque no ocidente deixou de existir exército eficaz).
Q.F.M.