Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

quinta-feira, novembro 30, 2006

A religião romana-IV
Com as conquistas da república, os romanos foram importando deuses novos. Em caso de dificuldades especiais eram capazes de construir um templo em Roma. Também quando os seus exércitos entravam num novo território, eram feitos sacrifícios em favor dos deuses indígenas para não os ofender.
A presença de numerosos estrangeiros, a tolerância do paganismo a outros cultos, e uma certa moda, levou a que numerosos cultos acabassem por praticados na Roma imperial. Não é que a população romana se afastasse dos deuses tradicionais: Júpiter e Saturno pura e simplesmente nunca tinham sido propriamente deuses queridos da população, que tinha as suas divindades particulares (que continuaram a prestar culto). Nas províncias, as populações continuavam a adorar os seus deuses tradicionais, mais ou menos assimilados a deuses romanos. No entanto, existem diversos elementos importantes na religião romana no período imperial como o culto ao imperador e a religião do exército. Vou começar pelo primeiro.
Quando Júlio César morreu, foram-lhe concedidas honras divinas e considerou-se que ascendera à divindade (embora ele já em vida tomara medidas nesse sentido). A partir daí, tornou-se hábito de divinizar os imperadores quando estes morressem, se fosse considerado um bom imperador, mas sendo o senado que decretava essa honra (sob indicação do imperador reinante obviamente). Na primeira dinastia foram divinizados Augusto e Cláudio, sendo excluídos Tibério, Calígula e Nero (o reverso era a “danatio memoria”). Mas rapidamente as províncias orientais começaram a “voluntariar-se” a prestar culto aos imperadores ainda em vida (de que já existia uma longa tradição). Na Judeia, o assunto serviu para envenenar ainda mais as relações entre romanos e judeus (ainda por cima com o talento diplomático de Calígula!). Na própria Roma (e em parte nas províncias ocidentais), a ideia de um imperador ser mais do que um ser humano era também considerada ridícula. Com o tempo, a ideia foi-se instalando, e ridículo ou não, começou-se a exigir às populações que sacrificassem ao génio do imperador (que já era considerado uma divindade). Os judeus eram dispensados desse sacrifício, mas os cristãos não, com o resultado conhecido.
Vários imperadores, decidiram associar-se a outros deuses por filiação divina (Augusto dera o exemplo, fora o filho do divino César), ou mesmo considerando-se a encarnação de um deus (em vez de serem um deus próprio), como Cómodo que achava que era Hércules.
Com a tetrarquia, Diocleciano associa-se a Júpiter e o seu colega a Hércules; mas o sistema já estava quase no fim, e com Constantino, os imperadores abandonam a ideia de ser um deus (para passar a ser o seus representante máximo na terra).
Claro que esta necessidade de serem considerados deuses não era mera questão de ego de alguns imperadores megalómanos; a existência de um deus reconhecido por todos daria uma maior consistência a um império com tantas culturas e línguas diferentes, ajudando à consolidação do poder dos imperadores (era basicamente um método de propaganda, o que não significa que não fosse levado a sério e visto de forma cínica).
O culto imperial era praticado em templos construídos para o efeito, com sacerdotes e cerimónias próprias. Algumas imperatrizes também foram divinizadas.
Q.F.M.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Messalina
Por lapso esqueci-me de incluir Messalina; aqui fica o meu pedido de desculpas ao leitor Joaquim Baptista e o post.
Messalina (nasceu algures na década de 20, morreu em 48 d.C.)
Era descendente da irmã de Augusto. Pouco se sabe dela até se casar com Cláudio. Quando este se tornou imperador (segundo Tácito), ela aproveitou a confiança do seu marido para fazer a vida que queria. O que significava sexo em elevadas doses. Num episódio, é referido que ela e uma prostituta decidiram fazer à noite um concurso de sexo; ao nascer do sol, a prostituta desistiu, Messalina continuou pela manhã dentro (pergunto-me como é que Cláudio desconheceria todas essas histórias, ou se não se limitaria a fazer vista grossa à mãe dos seus filhos). Intrigava para favorecer/liquidar quem lhe agradava/desagradava, mas ao contrário de Agripina não parece ter tido qualquer acção benéfica para o império (mas claro, que estamos dependentes de fontes que lhe são claramente desfavoráveis). Casou com outro homem em 48, estando Cláudio ainda vivo, mas um liberto de Cláudio denunciou a conspiração e Messalina foi executada.
Q.F.M.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Mulheres vencedoras de Roma-II
Pompeia
Apesar do nome era neta de Sila (o ditador). Pouco se sabe dela, para além de ter tido casada com César. Ficou conhecida por ter um pretendente que tentou entrar em casa, provocando um escândalo (apesar de ela nada ter haver com isso), e que levou a que César dissesse que não bastava que a mulher de César fosse honesta, era necessário que o parecesse também.
Agripina a nova
O seu pedigree era excepcional. Descendente de Augusto e de Marco António. Era também irmã do imperador Calígula (e seu amante), sobrinha do imperador Cláudio (e seu marido), ficou na história por direito próprio. Viu os irmãos serem assassinados, mas também se tornou uma mestre de intriga, eliminando vários rivais. Conseguiu que o seu filho Nero (nascido de um anterior casamento) fosse nomeado herdeiro do imperador em detrimento do herdeiro legítimo, Britânico. Provavelmente matou o seu marido, permitindo que o seu filho ascendesse. Em seu favor, pode-se dizer que os anos em que Nero deixou a mãe governar foram os melhores anos: ela rodeou-se de sábios administradores. Com o tempo Nero fartou-se e fez aquilo que nem Tibério apesar dos seus defeitos fizera e depois de várias tentativas falhadas, ordenou que soldados a matassem. A história (sobretudo a romana) sempre foi terrivelmente critica: o seu comportamento não era o que se esperava de uma mulher (e mesmo de um homem…). Ambiciosa, sem escrúpulos, inteligente.
Livia
A mulher de Augusto. A sua família sempre tivera o dom de estar no lado errado das guerras civis (contra César e Augusto). Augusto quando a conheceu obrigou-a a divorciar-se do seu marido (apesar de ela já ter dois filhos) e casou-se com ela pouco tempo depois. No entanto nunca tiveram um filho comum. Ela exerceu uma enorme influência sobre Augusto, recebendo numerosas honras. Os descendentes masculinos de Augusto foram todos sucessivamente morrendo (alguns de forma suspeita), só ficando os que eram casados com os descendentes de Livia. Augusto acabou por nomear sucessor Tibério, um dos filhos de Livia. Com o tempo a influência de Livia sobre o seu filho foi desaparecendo. É a antepassada inclusive de Calígula, Cláudio e Agripina a nova.
Arria
A única referência que encontrei foi que ela se teria suicidado no reinado de Nero, nas circunstâncias já descritas.
Q.F.M.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Mulheres vencedoras de Roma-I
Helena (finais do séc. III, princípios do séc. IV)
Foi mãe de Constantino o grande. E pouco mais se sabe de concreto. Viveu com Constâncio Cloro (pai de Constantino), que era César na tetrarquia inventada por Diocleciano (um sistema com 2 imperadores “seniores”-os augustos- e 2 “júniores”- os Césares). Constâncio teve de se separar dela por motivos políticos para casar com a filha de um dos Augustos.. Helena ao contrário do ex-amante/marido era cristã, e passou anos a coleccionar relíquias (a mais célebre seria a da verdadeira cruz que ela teria encontrado numa escavação em Jerusalém). Se não educou o filho para ser cristão, pelo menos, este ficou com uma visão favorável do cristianismo. Quando Constantino se tornou imperador e legalizou o cristianismo, ela passou a viver na corte como Augusta.
Clódia (séc. I AC)
Dela sabemos o que um amante e um inimigo político deixaram. Nascida de uma família patrícia, casou duas vezes, era acusada de ter imensos amantes (de todas as classes sócias, de patrícios a escravos), de ser jogadora, incestuosa e bêbada (palavras de Cícero). Catulo escreveu poemas a uma mulher que chamava “Lésbia”, e que geralmente é identificada com Clódia. Tem poemas em que a ama ternamente, outros em que parece odiá-la. Basicamente, fazia tudo o que um homem fazia e que era impensável a uma mulher.
Gala Placídia (390-450). Era filha de Teodósio I, o último imperador de todo o império romano e tinha bastante mais energia que os irmãos. Quando Alarico rei dos visigodos saqueou Roma (410), levou-a como refém. Casou com o irmão de Alarico, Ataulfo, quando este morreu, foi devolvida a Roma. O imperador de Roma Honório (seu irmão) casou-a com o seu melhor general (Constâncio em 417) e ela teve um filho (o futuro incapaz Valentiano III, que saiu ao tio em vez do pai ou da mãe). Viúva novamente, fugiu para Constantinopla. Quando Honório morreu, um usurpador (João), tentou ficar com o império do ocidente. Mas foi derrotado e morto por tropas leais ao legítimo imperador Valentiano III (425). Tudo parecia estar posto em causa quando um seguidor de João (Aecio) apareceu com um exército de reforço, mas Placídia acabou por fazer um acordo com ele, nomeando-o Magister Militum (o mais importante cargo militar), em troca da submissão ao imperador. Morreu em 450, disputando ainda a influência do filho com Aecio.
Sabinas
Elas pertenciam ao povo… sabino. Viviam na Itália central (inclusive no lácio). Falavam uma língua vagamente aparentada ao latim. Apesar da primitiva Roma ter habitantes sabinos (que manteriam a sua identidade dentro da cidade por algum tempo), isso não os impediu de entrar em guerra como romanos contra latinos ou outras tribos sabinas. Quanto à mitologia das sabinas, a história é conhecida: Rómulo e os seus companheiros precisavam de mulheres e então inventam uma festa a que convidam os vizinhos sabinos. Estes levam as mulheres, que são raptadas pelos romanos. Quando vai dar-se a guerra, as mulheres intervém, e é feito um acordo de paz, fundindo-se os 2 povos
Q.F.M.

terça-feira, novembro 07, 2006

Concurso
Bem, os resultado para o mês de Outubro foram repartidos. Portanto irei fazer um post em que escreverei uma curta biografia de todas as mulheres referidas.
Entretanto para o mês de novembro: qual o monumento romano em que estiveram que mais vos impressionou?
Eu posso dizer já: o teatro de Mérida. Já tinha ido a Roma e a Pompeia (que são impressionantes), mas foi aí que tive consciência de que a civilização romana era para todo o império e não para a população que vivia na capital. Romanizar significava que mesmo os habitantes das provincias mais recônditas tinham acesso à cultura e ao modo de vida romano.
Q.F.M.