Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

quinta-feira, março 29, 2007

Sobre a Ira
Séneca no seu livro "Da Ira" descreve que Augusto foi almoçar a casa de um amigo. Um escravo do seu amigo deixou às tantas cair um copo de vidro que se partiu (o vidro era relativamente caro ainda). Como castigo, o o seu dono decidiu que ele fosse atirado a um tanque com moreais para ser devorado vivo; o escravo apavorado atirou-se aos pés de Augusto e implorou que lhe dessem outra morte (não pedia que o poupassem pois o seu amo era rigoroso); Augusto estupefacto com a situação ordenou que o escravo fosse libertado, as moreias mortas e todos os copos de vidro da casa quebrados.
Como podemos ver, um dono de um escravo possuia poder praticamente absoluto sobre a sua propriedade e essa relação rapidamente se transferiu para os imperadores que actuavam sobre os seus súbditos a seu bel-prazer: se o poder discricionário de Augusto não era grave, já com os seus sucessores a coisa mudaria de figura...
Q.F.M.

quinta-feira, março 22, 2007

Notícias rápidas: um amigo meu "arranjou-me" os 7 primeiro episódios da 2ª série de Roma (não sei quando passarão em Portugal) e já vi os primeiros 4. As vidas das personagens vão dar uma enorme volta. Pullo e Vorenus apesar de alguns problemas mantém-se amigos, Octávio vai tecendo a sua teia para a ascenção ao poder, Marco António continua igual, brutal e básico. As mulheres continuam a ser decisivas nesta segunda série: Actia, Servilia e Octavia com as suas intrigas criam repercussões que em muito as ultrapassam.

sexta-feira, março 16, 2007

Concurso
E o vencedor foi a civilização romana.
Hum, esta é complicada. Uma definição que aprendi, é que civilização são todos os elementos quer culturais quer materiais comuns e específicos de um grupo de pessoas; esta definição tem a vantagem (e desvantagem) de ser tão abrangente que engloba todos os grupos humanos (dos eskimós aos ocidentais).
Na civilização romana teríamos de incluir os diferentes elementos que os tornam únicos: a sua religião (politeísta, ritualista e pragmática), as suas instituições políticas (de uma república aristocrática mas que era obrigada a partilhar uma boa fatia do poder com as classes populares) e que devido à existência de vários partidos evitava a estagnação (mesmo que há custa da paz interior e as civilizações ocidentais herdaram isso que acaba por obrigar a um diálogo e uma maior tolerância), o seu direito (que embora duro, continha indicações claras do que se deveria fazer, tentando limitar a arbitrariedade dos juízes e sobretudo graças à mediação do estado evitava o conflito entre privados), a própria noção de que existe uma cultura comum que pode ser disseminada a vários povos e não guardada zelosamente para os que partilham a mesma etnia (como faziam os gregos), fazendo com que independentemente da sua origem étnica, qualquer um que seja educado nessa civilização e partilhe os seus valores, fará parte dessa civilização.
Os que não partilhavam do seu modo de vida (gregos a excepção) ou por terem uma civilização menos sofisticada eram considerados selvagens, ou no caso de não o serem (como os persas e egípcios), eram vistos como tendo uma série de outros defeitos (decadentes, efeminados, etc); mas os romanos não eram racistas, na medida em que os descendentes dessas pessoas poderiam vir a ser romanos de pleno direito (até mesmo filhos de escravos).
Os romanos procuravam construir uma mini-roma onde se estabeleciam; instalavam aí colonos que iriam espalhar o seu modo de vida e construíam uma série de edifícios considerados fundamentais para fazer parte da civilização (teatros, banhos, templos, etc), de modo a educar os indígenas e a incluí-los no seu mundo. É que Roma considerava que tinha uma missão, não se limitando a explorar os recursos do seu império (mesmo que se por necessidade o tivesse de fazer). O ocidente partilhou também desta ideia, e o resultado (concorde-se ou não), é que exceptuando tribos muito isoladas, todos os povos que habitam a terra acabam por ser influenciados pelo ocidente (mesmo os que dizem recusar os seus valores, usam pelo menos tecnologia ocidental, dado que é inevitável).
Sei que este post é um pouco básico, mas teoria da história nunca foi o meu forte…
Para o próximo mês: qual acham que foi o maior inimigo de Roma? Não vale dizer “os próprios romanos” ou “o tempo”, tem de ser um povo estrangeiro concreto que andou em guerra com eles.
Para mim foram os samnitas no sul de itália; entraram em guerra com os romanos ainda no séc. IV A C, e entraram em todas as guerras que houve contra Roma só "desistindo" quando foram aniquilados no séc. I AC (nesta altura já não tinham quaisquer hipóteses) por Sila que andou a arrasar as povoações (e habitantes) e entregar as terras a colonos latinos.
Q.F.M.
Adenda:
Não fui claro, mas vou ser agora: o concurso só vale para o império romano do ocidente até 476 e o império romano do oriente até 630 com Heráclio (sofreu tantas reformas que perdeu o pouco de latinidade que ainda tinha). Portanto João, os Turcos estão excluídos.

quinta-feira, março 08, 2007

Actualização
Foi feita a transferência do blogger para a nova conta do google e embora desse bastante trabalho, com a ajuda de um amigo meu, o Luís (na realidade foi ele que fez 99% do trabalho!) correu tudo bem. Com um bónus: aprendi a colocar links de outros blogs (os que existiam, tinham sido colocados pelo Filipe). Vou começar a actualizar os links (o que deve demorar uns dias), e se por acaso não virem o vosso, peço que me o indiquem.
Q.F.M.

terça-feira, março 06, 2007

Portugal Romano e O domínio romano em Portugal (este é uma espécie de versão 2.0) de Jorge Alarcão.
Quem quiser conhecer os vestígios arqueológicos do período romano no território Português tem de ler estas obras. Embora elas estejam já um pouco desactualizadas (a primeira remonta aos anos 70, a segunda a finais de 80), devido a prospecções e escavações ulteriores, tem a vantagem de serem compilações, e não haver obras (pelo menos que eu conheça) mais actualizadas.
É-nos apresentada de forma sucinta a conquista romana e a resistência dos indígenas, o processo de romanização e as várias divisões administrativas.
São apresentadas de seguida as listas das cidades e povoados romanos que se conhecem através da documentação/epigrafia. As povoações são divididas entre 3 grandes grupos: as que eram efectivamente cidades (normalmente centros administrativos como Conimbriga) e tinham todos os elementos típicos de uma cidade: basílica, teatros, termas, fórum ; depois vem povoações de média dimensão que tanto podem ser centros administrativos de pequenos territórios, como cidades industriais e comerciais (Setúbal), que também teriam alguns dos elementos de uma cidade romana, e finalmente simples aldeias e villae.
O sul do país possuía uma maior malha urbana, de que ficaram vestígios arqueológicos e registos escritos; o norte tinha mais aldeias (mesmo villae foram descobertas poucas). Muitas das povoações de que se sabe que existiam por informações de obras romanas (ou epigrafia) ainda não foram actualmente encontradas. Aliás, excepto poucos casos, o conhecimento que se tem das cidades romanas do nosso território é bastante fragmentado, pouco se sabendo sobre como seriam as cidades de média dimensão ou as simples aldeias (a sorte é mesmo Conimbriga).
O nosso território estava assim bem enquadrado no ocidente latino: fracamente urbanizado, com cidades médias e pequenas.
Nos capítulos seguintes são listados objectos materiais, túmulos, as actividades económicas mais relevantes (pesca, produção de cerâmica, mineração, etc).
Q.F.M.