Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

terça-feira, maio 23, 2006

A civilização romana de Pierre Grimmal
É uma espécie de manual básico sobre Roma. Contém um resumo da sua história desde Rómulo e Remo até à vitória de Constantino, passando pela cultura, arte, religião, exército, passatempos, urbanismos, Roma e as províncias. Vemos assim a cidade passar de pequeno burgo a capital imperial, passando a representar uma civilização, vemos a influência que as várias culturas conquistadas tiveram sobre Roma, a sua crueldade (guerras impiedosas e combates de gladiadores), mas também o espalhar de uma cultura e linguagem comuns criando um sentimento de unidade que não passava só pela força das legiões.
No final existe um glossário com algumas palavras latinas importantes e principais figuras da história romana. É conciso mas tem tudo o que é essencial sobre Roma; é um bom ponto de partida para outras leituras (e já agora, livro de leitura obrigatório nalgumas faculdades).
Q.F.M.

sexta-feira, maio 19, 2006

Triunfos
A nomenclatura dos imperadores era bastante importante a nível de prestígio. Augusto ao procurar arranjar um título que lhe evitasse o uso de “rex” que era odioso aos romanos usou o “Imperator” (atribuído aos generais vitoriosos no período republicano), mais uma série de outros títulos e cargos (cônsul, Príncipe, Augusto, etc) que camuflava de forma legal a sua posição. Rapidamente, os triunfos (desfiles efectuados pelo general vitorioso com as suas tropas em Roma com o cortejo dos vencidos) e o uso de um nome geográfico (indicativo de quem tinham vencido- por exemplo Germanicus significava que a pessoa em questão vencera um povo germanico) ficaram limitados ao imperador (dado que os generais actuavam em seu nome).
Para ser celebrado um triunfo de forma “válida”, algumas condições eram exigidas: travar uma campanha de conquista bem sucedida, ou pelo menos levar um inimigo a implorar a paz depois de sofrer várias derrotas (pagando tributo e reconhecendo a superioridade romana), e o mesmo era para o nome.
No entanto vários imperadores pela necessidade de prestígio celebravam triunfos sem ligar a essas regras. Calígula mandou que fossem festejados triunfos sem ter travado qualquer guerra. Cláudio celebrou vários triunfos por uma única campanha, a da Bretanha (o que não era válido, só o deveria ter feito uma vez); também manteve o título de Germanicus a que outros membros da sua família tinham tido direito. Dominiciano celebrou um triunfo pela vitória contra os Dácios, embora na realidade fosse obrigado a abandonar a guerra (que estivera a correr muito bem) devido a uma série de invasões e revoltas e foi obrigado a pagar um tributo aos dácios para não aumentar o número de frentes a combater; depois de conseguir derrotar uma tribo germânica adoptou o título de germanicus (que era bastante discutível). Claro que nestas situações, o uso de títulos imerecidos levava ao esvaziamento da sua importância.
Pelo contrário, outros imperadores tinham a preocupação dos títulos respeitarem a tradição: Trajano tornou-se Dacicus (pela submissão da Dácia), Germanicus (pela pacificação das fronteiras com a Germânia) e Parthicus (pelas derrotas humilhantes que infligiu aos partas chegando mesmo ao saque da capital). Os imperadores seguintes iriam multiplicar os seus títulos acrescidos de Maximus, por qualquer campanha em que participassem, o que levava à repetição dos títulos quando participavam em várias campanhas contra um povo (o que não era conforme a tradição, pois anteriormente como disse, só quando esse povo ficava de joelhos é que o imperador adoptava o título, e não por qualquer vitória). Mas a partir de meados do séc. III os imperadores abandonam esses títulos: tendo reinados de 3 ou 4 anos, passados constantemente em combate contra bárbaros ou romanos rivais, os imperadores deixam de se preocupar com esses títulos.
Q.F.M.

sexta-feira, maio 12, 2006

A literatura Latina do Final da República/Princípio do Império-IV
Passada a época áurea de Augusto, com os reinados de Tibério, Calígula e Cláudio não surgiu nenhum escritor que se tivesse notabilizado por aí além (o próprio Cláudio escreveu livros de história mas não sobreviveram). Ora a partir de Nero as coisas modificam-se e surge durante meio século uma nova geração de escritores talentosos em diferentes domínios (normalmente não são tão considerados como os da época de Augusto mas pessoalmente considero que dentro deles estão alguns dos melhores de Roma).
Séneca- Nascido na península ibérica, estabeleceu-se em Roma. Sendo exilado, foi chamado por Agripina para servir de tutor ao seu filho Nero. Depois de uns anos iniciais de bom governo, Nero autonomizou-se levando-o a ter a reputação que adquiriu e ordenou que o seu ex-tutor abrisse as veias. Séneca escreveu livros de filosofia (fortemente influenciados pela corrente estóica), tragédias e cartas sobre diferentes assuntos.
Petrónio- Pensa-se habitualmente que este Petrónio foi um cortesão de Nero (aparece no livro Quo Vadis) que lhe escreveu uma carta extremamente trocista antes de se suicidar. Resta uma obra que lhe é atribuída, o Satyricon. Relata as aventuras (alguma delas bastante escabrosas) de dois jovens e de uma espécie de mestre no sul de Itália (nas colónias gregas) que se vão disputando os mútuos favores, num tom corrosivo mas bem disposto (o livro lê-se bastante bem). O banquete de Trimalquião é uma das cenas melhores conseguidas. Infelizmente a obra chegou-nos incompleta (e a edição que eu tenho, pré-25 de Abril ainda o é mais). Outro elemento original: descreve uma trama completamente inventada com personagens ficcionadas coisa que não existia até então.
Q.F.M.