Rome’s Cultural Revolution
Actualmente estou a ler um livro chamado Rome’s Cultural Revolution.
O livro começa a tratar do conceito de romanização (extremamente limitativo e politicamente incorrecto no mundo anglo-saxónico dado que implica uma civilização superior tirar os povos inferiores da sua ignorância). Outros termos (aculturação) tem o mesmo problema e o termo crioulização não representa bem o que sucedeu (dado que significa a criação de uma cultura nova a partir de duas outras).
Outro tema estudado é a identidade que os romanos tinham, pegando no exemplo da toga e pallium. A toga começara por ser uma roupa etrusca (influenciada provavelmente pelos gregos), acabando por se tornar no traje romano por excelência e proibido aos estrangeiros. Um romano devia usar toga em momentos oficiais e solenes e não outra roupa; simplesmente sendo uma roupa pouco prática e cara, a esmagadora maioria não o fazia. Um romano era romano porque tinha a cidadania romana e devia mostrar essa cidadania com uma série de elementos externos.
Os romanos viam pelo contrário o pallium como a roupa de identificação dos gregos, e usar o pallium era para um romano uma forma de se identificar com os gregos (o que era aceitável em certas situações, como «viagens à Grécia, mas nunca para ocasiões oficiais). Ora, para os gregos, o pallium era apenas uma roupa como outra qualquer que de modo nenhum identificava um grego; o que tornava um grego um helénico era a língua e a cultura (independentemente das variantes regionais). Para os romanos, era a pertença ao corpo cívico de cidadãos (ter a cidadania) e uma série de marcas externas (uso da toga). Isto porque os gregos eram efectivamente um povo, enquanto os romanos eram apenas os membros de uma cidade hegemónica (Roma) havendo outras cidades que falavam latim (as cidades latinas), nunca se tendo formado o conceito de povo latino no período pré-império.
Curiosamente, nem os gregos nem os romanos davam importância à raça (embora desprezassem os outros povos), integrando facilmente todos os que adquirissem a sua cultura. Residentes na Grécia descendentes de estrangeiros mas que partilhassem a paideia, eram efectivamente gregos. Quanto aos romanos, bastava adquirir a cidadania (no período do império isso é mais gritante com os auxilia) para se ser considerado romano, embora isso tivesse sucedido também com a república.
Roma Antiga
Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.