Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

terça-feira, outubro 03, 2006

Vencedor do concurso
Bem, pode-se considerar que ganhou o imperador Juliano. Creio que a obra “Juliano” de Gore Vidal e uma certa aura romântica por ter tentado impor o paganismo foram factores decisivos (pelo menos para mim).
E cá vai o post sobre ele.
Juliano era sobrinho de Constantino o grande e nasceu em 331. Este decidiu dividir o império quando morresse pelos filhos e sobrinhos. Ora os filhos de Constantino tinham outras ideias e massacraram parte da família, só deixando Juliano e o meio-irmão Galo vivos (que foram poupados por serem crianças). Entretanto os filhos de Constantino foram morrendo: Constantino II às mãos do irmão Constante e este por sua vez por um usurpador, que acabou morto por Constâncio II. Várias tribos germânicas (nomeadamente os francos) aproveitaram a confusão para atacar a Gália e começaram a ocupar partes, enquanto lançavam expedições para mais longe.
Entretanto Juliano e o irmão estavam exilados, iam sendo sucessivamente educados por diferentes tutores na religião ariana no, que conseguira ilegalizar o credo de Niceia. Simplesmente para Juliano o que lhe sucedera na família, a presença de tutores pouco inspirados e a leitura dos clássicos acabaram por torná-lo impermeável à educação cristã (convertendo-o ao paganismo).
Constâncio II começou a sentir necessidade de colaboradores para governar porções do império e decidiu utilizar Galo como “César” no oriente (o que o tornava um subordinado de Constâncio que era “Augusto”, segundo o esquema criado por Diocleciano) casou-o com uma irmã e depois de um governo despótico, Constâncio livrou-se dele (354). Entretanto Juliano gozava de alguma liberdade e andava a viajar como estudante, seguindo mestres de filosofia (o neo-platonismo tinha várias variantes, desde filosofia pura e dura, até correntes místicas). Esse período terminou pois Constâncio chamou-o e nomeou-o César do Ocidente, com o controle da Gália (que estava um caos) e casou-o com outra irmã (355). Juliano passou o tempo em campanha a livrar-se das tribos germânicas e a tentar restabelecer o domínio romano. Embora a reunião de fundos fosse um problema (a Gália estivera anos a sofrer incursões bárbaras), tinha a vantagem das tropas locais serem aguerridas (quer os recrutas galo-romanos, quer os voluntários germânicos). Acabou por conseguir vencer sucessivas batalhas que restabeleceram a situação. Mas entretanto, Constâncio II que ia lançar-se numas expedição contra a Pérsia, exigiu as tropas de Juliano; as tropas deste revoltaram-se e aclamaram-no imperador. Juliano lançou-se para o oriente a toda a pressa para tentar vencer o primo antes que este conseguisse reunir tropas em número suficiente; mas a morte de Constâncio II (que o nomeara sucessor no seu testamento) impediu mais uma guerra civil (361).
Tornado imperador único, Juliano revelou-se imperador enérgico no pouco tempo que governou. Reduziu o pessoal assim como o aparato da corte. Mas o que tornou mais famoso, foram os ataques ao cristianismo. Este que se tornara praticamente a religião oficial, obtivera imensos privilégios (igrejas e sacerdotes isentos de impostos, donativos, etc), enquanto que os pagãos iam vendo a sua vida dificultada. Juliano cortou com os privilégios dos cristãos (mas garantindo a liberdade de culto a todos os grupos, niceianos e arianos), e começou a subsidiar novamente os pagãos.
Em 363 retoma a ideia de uma campanha contra os persas (a nemésis romana). A expedição a princípio correu bem, e venceu diversas batalhas. Mas as enormes distâncias envolvidas, e o falhanço na tentativa de conquistar a capital, Ctesiphonte (próximo de Bagdad), levou-o a decidir pela retirada. Num combate de retaguarda, acabou por ser ferido de morte. Com a sua morte terminava praticamente a dinastia fundada por Constâncio Cloro (dado que só sobrou uma filha de Constâncio II que casou com o imperador Graciano mas não deixou herdeiros). O império ficou também em sérias dificuldades, pois além das perdas de efectivos, material e dinheiro que a campanha implicou o seu sucessor Joviano teve de ceder diversas províncias para conseguir escapar com o que restava do exército. Também as medidas de Juliano no campo religioso foram abolidas (sem no entanto voltar-se ao rigor dos tempos dos filhos de Constantino durante uns tempos), e o cristianismo saído de Niceia iria progressivamente endurecer afirmar-se com a religião única.
Q.F.M.

3 Comments:

Blogger João Moutinho said...

Quintus,
Voltámos aos bons tempo da Roma Antiga em que o Imperador foi eleito pelo Senado.

9:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Que lhe parece o livro do Merejkowski sobre Juliano? Se é que já o leu. O do Gore é melhor? Ainda não o li.

5:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

qual é a localização de roma

3:19 da tarde  

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