A guerra dos Judeus-III
A parte final é apenas constituída pelo relato do cerco. Ora o comportamento das legiões em combate deixa muito a desejar. Por várias vezes os judeus fazem surtidas, conseguem atrapalhar as máquinas romanas que lhes lançavam projectos e chegam mesmo a atacar o próprio acampamento romano sem que estes se apercebam até estar a combater nas próprias paliçadas do acampamento; por vezes são as unidades romanas que se lançam em ataques sem ser ordenados e perseguindo até se colocarem em situações muito perigosas (claro que Tito o general romano aparece sempre para salvar a situação no último minuto). As tropas auxiliares ainda se portam de forma pior (e os aliados são os piores: o episódio dos esventramentos dos prisioneiros judeus por ter corrido o boato de que estes tinham engolido ouro). Ora tudo isto está muito longe da conhecida eficiência e disciplina romana. O exército romano não é uma máquina cega às ordens dos seus oficiais: sem chegar aos exageros das revoltas militares dos séc. II e III, vemos que o controle acaba por ser muito frouxo em situação de campanha prolongada e de dificuldades, a menos que o comandante tenha um imenso carisma e anos de convívio com as tropas (e mesmo aí…).
As tentativas de golpes de mão pelos romanos acabam só por funcionar quando as defesas judaicas estão demasiado enfraquecidas pela mistura de combate contínuo (provocando perdas e cansaço dos homens que não são substituídos) e bombardeamento pelas máquinas de assédio que destroem os sucessivos troços das várias cinturas de muralhas de Jerusalém.
Finalmente os romanos apoderam-se do templo e este é saqueado e queimado num acidente (?).
Algumas notas finais: o original foi escrito em grego (sem o dominar, Josefo conhecia essa língua). Ora o tradutor da edição francesa que li tentou ser o mais fiel ao original, o que significa que na maioria das vezes deparamos com termos gregos em vez de latinos (por ex. falange quando se refere a legiões),
Josefo está constantemente a referir-se às populações gregas no reino de Herodes (que eram uma boa metade). Ora duvido que o número de colonos de origem grega fosse tão elevada, devendo por isso referir-se a todos os não judeus (sinónimo portanto de pagão).
O seu livro é também bastante parcial: tenta mostrar o povo judeu como pacífico e favorável aos romanos com apenas alguns radicais que se impuseram pelo terror à população conduzindo ao desastre (além de passarem o tempo a guerrear-se entre si só se unindo contra os romanos quando já era bastante tarde, mas ainda assim aproveitando cada momento para atacar as facções rivais). Mas não deixa de apresentar a incompetência e corrupção de vários governantes romanos.
Q.F.M.
Roma Antiga
Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.
4 Comments:
Sou um confesso admirador da civilização da Roma Antiga, mais do que da Antiga Grécia - se é que podemos diferenciá-las de forma tão simples.
Mas a verdade é que os Romanos eram homens e mulheres com as qualidades e defeitos inerentes aos seres humanos (tais como os gregos ou judeus) o que nos fará concluir que o padrão de Holywood não poderá ser levado muito a sério.
Mais um excelente post!
Bom dia!
Tenho seguido com muito interesse este blog, uma vez que também eu sou uma admiradora da civilização da Roma antiga (gosto de pintar a mitilogia greco-romana).
Queria por um lado dar os parabéns pelo blog e por outro, dizer que a BBC tem uma nova série dedicada a Roma antiga: Rome, the rise and fall of an Empire.
Cada episodio é dedicado a um dos imperadores, e baseia-se em relatos de escritores romanos da época sob a orientacao de historiadores actuais conceituados. É uma mistura de filme e documentario com a quialidade da BBC. Absolutamente brilhante.
Cumprimentos.
Ao João: é uma questão de gosto. Eu pessoalmente prefiro a Grécia embora a influência de Roma tenha sido imprescindível para a sobrevivência do pensamento grego. Quanto a Hollywood, não se precisa de dizer mais nada.
A Rosário: agradeço o interesse.
Talvez daqui um ano ou dois a série passe na RTP2?
As tentativas de golpes de mão pelos romanos acabam só por funcionar quando as defesas judaicas estão demasiado enfraquecidas pela mistura de combate contínuo (provocando perdas e cansaço dos homens que não são substituídos) e bombardeamento pelas máquinas de assédio que destroem os sucessivos troços das várias cinturas de muralhas de Jerusalém.
Finalmente os romanos apoderam-se do templo e este é saqueado e queimado num acidente
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