Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

quinta-feira, agosto 24, 2006

A guerra dos Judeus-II
Josefo faz uma boa descrição das diferentes zonas de Israel (Judeia, Samaria, Galileia) e apresenta os grupos ideológicos mais importantes: os fariseus (a casta sacerdotal), os saduceus (um grupo sacerdotal rival mais aristocrático com pontos de vista religiosos diferentes), os essénios (uma espécie de seita que vivia num rigoroso ascetismo), os zelotas (grupo nacionalista hostil aos romanos) e os sicários (ultra-nacionalistas partidários do assassinato).
O procurador de origem oriental detesta os judeus, e para cúmulo as suas tropas são sírias (que também odeiam os judeus). Entre tributos extras, confiscos e repressão (com mortos), os judeus passam de um período de semi-insurreição, para a revolta aberta. Uma legião é derrotada, e Nero é obrigado a enviar Vespasiano com várias legiões e ainda unidades auxiliares. Embora Vespasiano seja apontado como um modelo de virtudes, a verdade é que ele estava retirado do activo há algum tempo. Depois de ter ordenado a execução de Córbulo o melhor e mais popular general de Roma, Nero não tinha muito por onde se virar e nomeou Vespasiano como comandante.
As cidades com populações maioritariamente “estrangeiras” acolhem bem os romanos; as com judeus resistem e tem de ser conquistadas. Sendo a maioria das povoações poucas fortificações, os romanos tomam-nas sem grande dificuldade, mas a grande área em causa (Galileia, Samaria, Judeia), obriga a uma certa dispersão dos efectivos e a tomar cada povoação. Ora se os judeus tinham nomeado chefes para as diferentes províncias, cada um desses chefes apenas tratava da sua zona, ignorando (ou por razões pessoais) ou sabotando mesmo os seus colegas. Josefo descreve pormenorizadamente a resistência de Iotapata (onde ele estava como chefe), e aí os romanos perdem um mês e meio (antes de vencer e provocar o massacre do costume); os romanos têm os meios e os números, os judeus tem o desespero e uma enorme inventividade que lhes permite opor-se às máquinas romanas. Depois é descrita a caricata rendição de Josefo e a sua relação com Vespasiano (nomeadamente a sua previsão de Vespasiano como imperador). Este deixa as suas tropas repousar e depois prepara-se para o assalto a Jerusalém, enquanto diversos legados vão tropas continuar a “pacificação” das várias províncias.
Entretanto vemos um conflito estalar em Jerusalém: os adeptos de uma reconciliação com Roma (sobretudo os notáveis e o clero) são rapidamente vencidos pelos partidários da luta contra Roma como os zelotas e sicários. Estes tomam a cidade separadamente e efectuam um massacre na cidade contra os adeptos da paz, enquanto se vão disputando o poder.
Entretanto em Roma, Nero suicida-se, Galba o é assassinado, Otão suicida-se, Vitélio é aclamado imperador mas sendo impopular e considerado incompetente, Vespasiano é aclamado por sua vez: vemos assim que este apesar da forte concentração de tropas só é considerado elegível depois da morte das figuras mais importantes do regime anterior (apesar de terem consideravelmente menos tropas). Vários generais favoráveis a Vespasiano de outras frentes vencem Vitélio e Vespasiano deixa a Judeia e limita-se a entrar em Roma (deixando ao cargo do seu filho Tito a missão de acabar a conquista de Jerusalém). Tito deixa uma parte das suas tropas a continuar a submeter o país e parte para Jerusalém. Ordena a construção de obras de cerco à cidade que sofrem as investidas dos judeus (que se tinham posto momentaneamente de acordo para a defesa).
Q.F.M.