Armas
Para quem gosta de equipamento militar existe um livro imprescindível: Roman military equipment : from the Punic Wars to the fall of Rome de M. C. Bishop and J.C.N. Coulston. Como o título indica vai desde as guerras púnicas (quando surgem os primeiros registos credíveis) até ao séc. V (se bem que para este período o livro é um pouco “magro”). Com esta obra qualquer pessoa consegue detectar os erros que aparecem nos filmes (desde equipamentos errados no período a pura e simplesmente completamente inventados). O problema é que se torna um pouco técnico, reservado aos fãs de história militar e arqueologia (é bastante denso).
São utilizadas 3 fontes: iconográficas, textuais e arqueológicas. Todas têm vantagens e inconvenientes.
As iconográficas são as mais acessíveis: qualquer pessoa pode ver as representações de tropas (ou pelo menos em livros) na coluna de Marco Aurélio. O problema é que muitas vezes as imagens são estilizadas ou idealizadas por artistas que nada sabiam de equipamento e que representavam “a olho” a realidade ou então de acordo com a mitologia (por ex: vestindo os generais como se fossem heróis das lendas gregas).
As textuais têm outros problemas: a da utilização de vocabulário que raramente é preciso (pelos autores da antiguidade). Um exemplo: supostamente os gládios (espadas curtas) foram substituídos pelas spathas (mais compridas) no baixo-império. O problema é que muitos autores antigos utilizam os 2 termos de forma indistinta ao longo de todo o império, ignorando-se o que é que eles se referem exactamente (uma vez que ambas as armas foram continuamente utilizadas).
Finalmente as arqueológicas. Estas têm a vantagem de ser peças reais. O problema é que são poucas e muitas vezes difíceis de datar. E muitas vezes uma determinada peça que não era muito utilizada pode dar-nos a ideia de ter tido uma importância maior do que teve na realidade por terem sido encontrados um número significativo devido a acontecimentos fortuitos (boa preservação num depósito). Claro que no caso de as fontes arqueológicas contradizerem as outras, dá-se a preferência às arqueológicas. Um exemplo: Vegetius (autor do séc. V) dizia que no seu tempo, as armaduras tinham deixado de ser utilizadas (os soldados não gostavam de ter o trabalho de andar com elas), e a iconografia assim o parecia indicar (de maneira que até nos jogos de computador as tropas do baixo império apareciam como sem armaduras). Ora na década de 70, algumas descobertas arqueológicas contrariaram essa ideia (parece que a ideia dos textos era mostrar as desvantagens das tropas romanas frente aos bárbaros, uma espécie de desculpa para os fracassos do presente, mostrando os soldados preguiçosos e desprotegidos). Se as armaduras foram encontradas (ou melhor, fragmentos), não se pode fingir que não existem.
De resto o livro é bastante completo: abarca uniformes (materiais, formato, cor), armas (de defesa, ataque e até armas de assédio), equipamentos (cintos, sandálias botins e meias).
Uma última nota: a versão que tenho é velhinha, mas saiu uma nova edição este ano com as descobertas mais recentes.
Q.F.M.
Roma Antiga
Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.
2 Comments:
"Roman military equipment : from the Punic Wars to the fall of Rome de M. C. Bishop and J.C.N. Coulston"
Onde encontro o dito!?
Mesmo não dominando o Inglês (já agora, há em castelhano ou francês?)
Parece uma obra interessante.
Obrigado
Legionário
Na amazon por 40 dólares. Como a obra é recente, não deve haver traduções (quanto à antiga, já está esgotada há uns anitos, só se for num alfarrabista).
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