Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

quarta-feira, agosto 16, 2006

A guerra dos Judeus-I



Bem, ao ler a guerra dos judeus de Flávio Josefo, compreende-se muito melhor as constantes revoltas dos judeus sob o domínio romano.
A obra começa com a revolta dos macabeus (que aparece descrita no Antigo Testamento). Vemos lentamente os Asmoneus passarem de zelosos e austeros judeus (com uma liderança carismática) a uma monarquia em tudo semelhante às helenísticas: exércitos de mercenários com forte componente de falange, uma vasta corte cheia de intrigas e assassínios dentro da família. Até os nomes mudam: passam de Judas e Simão para Alexandre e Antígono em apenas um século. E surgem os romanos.
Intervindo a princípio a favor dos judeus contra os seleucidas, Roma tenta manter-se à parte dos conflitos internos. Mas no séc. I A.C. a coisa muda de figura: com os vários candidatos ao trono a apelar ao arbítrio, o senado não resiste. O pior é que o nível de corrupção que atingira Roma, atrapalhava-lhe a política: os generais enviados deixam-se corromper por todos os candidatos, cedendo o trono ao último licitante (depois de embolsar o dinheiro dos anteriores) e para cúmulo tratavam o país como se fosse terra conquistada deixando as tropas pilhar à vontade. Depois de algumas décadas de desgoverno, Antipatro (um estrangeiro, que se foi apoderando das rédeas do governo) e sobretudo o seu filho Herodes o grande (o que aparece na Bíblia como tendo ordenado a matança dos inocentes), instauram a ordem. O reinado de Herodes coincide com o de Augusto o que significa que a Judeia se torna um protectorado de Roma, embora mantendo a sua autonomia. Mas a morte de Herodes vai pôr tudo em causa: os sucessores não se entendem, os sucessivos imperadores vão dividir o território pelos vários descendentes e por prefeitos romanos. Os descendentes de Herodes controlavam com dificuldade os seus súbditos depois da pacificação forçada; os romanos não se iriam sair melhor, pois os judeus recordavam-se do seu triste papel no final da república. Vários prefeitos mais ou menos incompetentes sobre Cláudio e sobretudo Nero agravaram a hostilidade de uma população já de si hostil até à revolta.
Q.F.M.