Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

quarta-feira, junho 14, 2006

O recrutamento-I
Quando se pensa no exército romano pensa-se nos legionários vindo de Roma. Mas com o império as coisas foram-se modificando. Quando Augusto venceu Marco António (31 A.C.), as suas legiões eram esmagadoramente constituídas por italianos. Ou seja, gauleses do norte de Itália, samnitas, oscos e gregos do sul, latinos do lácio (com alguns romanos no meio) e etruscos do centro. Mas tinham a cidadania romana e já estavam razoavelmente romanizados.
Com o tempo eles foram sendo desmobilizados e receberam terras em Itália, na Península Ibérica e na Gália (onde foram um foco de romanização). O prémio ao completar o serviço era terras e o equivalente a 10 anos de salário (mais o que tinham amealhado à força, dado que parte do salário era guardado pelo estado que só lhes entregava no final do serviço). Essas tropas foram sendo substituídas por outras italianas, e lentamente pelos descendentes dos veteranos estabelecidos nas colónias. Quando chegamos a Nero (54-64 D.C.), os italianos são só metade, o resto vem das colónias (descendentes de veteranos romanos); chegados a Trajano (98-117 D.C.), os italianos já não dão tropas para as legiões das fronteiras, apenas para a guarda pretoriana e mais algumas unidades especiais.
As colónias como já disse eram as províncias ocidentais: Gália, Península Ibérica (muitos lusitanos, e alguns da Galécia), Germânia, Africa. Os recrutas tinham de ter a cidadania romana (nem escravos, nem libertos, nem estrangeiros), saberem latim (muitos sabiam escrever, e conheciam alguma coisa da literatura latina), ter uma altura superior a 1.65, não terem cometido crimes (adultério, roubo, etc). Embora fossem oriundos da plebe, os critérios de selecção eram rigorosos de modo a garantir que só os melhores fossem escolhidos (o que se poderia chamar o “estrato superior” do povo). Ora o recrutamento nas legiões do oriente é mais complicado, dado que se ignora como era efectuado. Se alguns defendem que os recrutas fossem filhos de veteranos que viviam no campo (o que era ilegal, mas dada a dificuldade de arranjar numa zona helénica recrutas latinos, levaria as autoridades a fechar os olhos), outros dizem que as tropas seriam orientais a quem era concedida imediatamente a cidadania antes de entrar na legião para cumprir o requisito legal. Isso justificaria o facto das legiões do oriente serem normalmente consideradas mais “moles” que as ocidentais (e não só por viverem num clima melhor com boas cidades).
Q.F.M.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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6:59 da manhã  

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