Rome and the enemy
Estou a ler este livro, pela historiadora Susan Mattern. Embora tenha algumas opiniões controversas ou dificilmente comprováveis, serve para reflectir; vou apresentar um exemplo.
Em várias ocasiões, imperadores romanos tomam decisões que eram justificadas (positivamente ou negativamente) pelos cronistas da época, mas que são recusadas pelos historiadores actuais em favor de outras mais racionais. Quando Cómodo decidiu interromper a guerra contra os Germanos, a justificação que foi apresentada por Herodiano, é de que Cómodo preferia voltar aos luxos da capital e tinha medo de por ter subido recentemente ao trono, um qualquer general que tentasse obter a púrpura. Esta versão é normalmente rejeitada pelos historiadores contemporâneos (que dizem que Cómodo tinha suficiente experiência de combate para não ser um molengão, além de que a guerra estava a ser ruinosa não trazendo qualquer proveito, tendo a paz sido alcançada de forma bastante favorável: argumentos perfeitamente válidos para a nossa mentalidade), que rejeitam como artifícios literários. Ora, isto é esquecer que na elite da época não havia especialistas em vários assuntos (economia, política). Sendo escolhidos dentro da classe aristocrática, a sua educação era generalista versando um pouco de direito, muita retórica, literatura e mais alguns conhecimentos gerais dados sob forma literária (geografia, história). Um governador de uma determinada zona quando era nomeado de nada percebia da sua nova província (nem língua, nem cultura, e muito menos economia). Boa parte dessa elite além de exercer cargos, escrevia livros variados (César relatou as suas campanhas, Marco Aurélio escreveu filosofia).
Ora, a importância dada às obras clássicas era tal, que muitas vezes os autores de novas obras ao terem de escolher entre livros antigos e desfasados da realidade e outros mais recentes, preferiam aqueles. Ainda mais estranho era a descrição feita por autores que viajavam. Ammianus Marcelinnus quando descreveu as campanhas do imperador Juliano no séc. IV (em participou), descreveu a Gália copiando o livro de César, como se os gauleses ainda estivessem divididos em tribos independentes em guerra, quando na realidade, pertenciam à romanidade há uns bons 300 anos e ele ao viajar pela Gália não poderia deixar de se ter apercebido disso; sem dúvida para demonstrar que era uma pessoa culta, e para dar referências conhecidas aos seus leitores, preferiu descrever o mundo dos livros à realidade à sua volta (e Ammianus é um dos melhores historiadores do final do império). As descrições dos germanos pelos historiadores da época, corresponde ainda à descrição de Tácito também 300 anos anteriores.
Deste modo, Susan pretende mostrar, que se era possível que Cómodo e o pessoal à sua volta (ou outros governantes) tomassem em conta factores estratégicos, económicos, políticos nas suas tomadas de decisão, é bem mais provável que dado o quadro mental em que viviam, os factores apresentados pelos autores antigos correspondessem (normalmente) à verdade (claro que dito assim parece bastante óbvio: mesmo os políticos actuais embora tenham formações mais especializadas, agem de acordo com os preconceitos do seu tempo e não de forma friamente racional).
Q.F.M.
Roma Antiga
Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.
5 Comments:
gostei muito do seu blog,como gosto das coisas de roma vou sempre acessar,obrigado,particularmente acho muito onteressante a historia romana tao parecida com a de nossos tempos.
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