Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

segunda-feira, março 29, 2004

Um dia na vida dum romano (1)

Os cidadãos romanos, os indígenas romanizados e os escravos libertos usam habitualmente três nomes, que nós denominamos por tria nomina, como eu, Marcvs Clavdivs Osorivs.
Em primeiro lugar aparece o praenomen que, quando nos identificamos nas epígrafes, colocamos muitas vezes em sigla. As mulheres, pelo contrário não têm qualquer prenome.
Segue-se-lhe o nomen propriamente dito. É aqui que nós damos a indicação da nossa família, a gens a que pertencemos. Por isso também lhe chamam o gentílicio. Eu tenho conexões com a gens Claudia de renome no Império, porque foi sob o principado de Cláudio que Aeminium se transforma num município e eu me tornei um cidadão romano na promovida civitas.
Por fim, todos temos um cognomen, que é naturalmente próprio de cada indivíduo. Nos libertos é quase sempre o antigo nome usado como escravo e nos indígenas romanizados, como eu, é também aquele nome que nos liga ao nosso ramo pré-romano. Osorivs é o meu cognome, que vem do meu avô, natural dos povos astures que habitavam no norte da Hispania.
Muitos se identificam apenas pelo cognomen, os escravos (como já se disse), os indígenas e os estrangeiros. Somente as pessoas que adquiriram a cidadania podem, como eu, ostentar os seus orgulhosos tria nomina.
O meu colega da oficina epigráfica tem o cognome grego Philipvs. Em geral, quando isto acontece no mundo romano, é sinal de que esse cidadão é um liberto, pois havia muitos escravos gregos no Império. O nomen e praenomen que ele ostenta hoje, advêm do seu anterior dono que o libertou, um tal Caivs Ivlivs Saturninus da cidade de Bracara Augusta, antigo soldado da VIIª legião Gemina. Este liberto foi escravo desta família, por ser um indivíduo letrado na Antiga Grécia, pois os melhores iam para as famílias abastadas.
O nosso outro companheiro Qvintvs Fabivs Maximvs não tem origem indígena, nem é liberto, pois os seus três nomes são perfeitamente latinos e revelam um indivíduo perfeitamente integrado na cidadania romana há algumas gerações. Talvez se trata até dum colono da Península Ibérica, vindo das terras da Lacio.
Outro aspecto importante na identificação escrita do nome de alguém é a sua filiação. O meu pai era indígena lusitano, de nome Silvanvs. A transmissão do nome de pais para filhos obedece a regras estreitas e o cognome mantém-se inalterável na mesma família. Porém eu adoptei o do meu avô materno, o que podia acontecer apenas em alguns casos.
O cognome é, assim, revelador de muita informação sobre um indivíduo. Pode fazer referência a alguma característica física ou determinado traço de carácter do possuidor, ou pode revelar a sua origem étnica ou devoção religiosa a determinada divindade. É nos cognomes que encontramos os exemplares antroponímicos mais exóticos do Império romano.

M.C.O.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

que merda é esta

6:50 da tarde  

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