As corridas de carros
As corridas de carros (como quase tudo), foram importadas pelos romanos de outras culturas. Provavelmente dos etruscos, que também tinham essa paixão. As corridas decorriam nos circos; se os primeiros a ser construídos eram apenas pistas de areia com separadores (o que provocava acidentes no público, como actualmente nos ralis), depois tornaram-se nos edifícios imponentes que todos já viram nem que seja no filme Bem-Hur (a bem verdade, como já disse anteriormente estes edifícios eram normalmente multiusos, os romanos eram muito práticos).
As equipas estavam divididas por cores (vermelho, branco, azul e verde); com o tempo elas foram-se politizando, deixando a mera esfera do desporto. Existiam corridas de carros de 2 cavalos (bigas) e com 4 cavalos (quadrigas). Os aurigas (corredores), podiam ser escravos ou homens livres, mas ganhavam muito dinheiro (se sobrevivessem) e poderiam tornar-se ricos e famosos. O problema é que os veículos tinham pouca estabilidade e tinham a tendência para se virar nas curvas (ou nem sequer a fazer, dado que não havia travões e a areia não ajudava). As equipas pertenciam a particulares (cavalos e tudo) e os prémios eram altos (assim como os riscos), sendo patrocinadas pelo estado.
Era um dos passatempos favoritos da população, podendo realizar-se onde existissem cidades de alguma dimensão.
O imperador Nero também participava nas corridas (e ganhava sempre, mesmo que não conseguisse completar as corridas, como sucedeu várias vezes); outra desonra para o prestigio imperial.
Com o colapso do estado romano no ocidente, terminaram as corridas de carros. No oriente, estas mantiveram-se, levando em Constantinopla a um verdadeiro fanatismo: ficou célebre a revolta de 532 (Niké), em que as facções do circo se uniram contra o imperador. Com as dificuldades financeiras, e a moda dos torneios, as corridas de carros perderam a sua importância; depois do saque de Constantinopla em 1204 pelos cruzados, os imperadores deixaram de patrocinar esse desporto; é certo que o hipódromo continuou a ser usado pelos particulares, mas por pouco tempo mais.
Q.F.M.