Roma Antiga

Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.

terça-feira, junho 15, 2004

O telhado romano.

Uma das mais fantásticas inovações tecnológicas introduzidas pela civilização clássica é a cobertura dos edifícios. A solução da cerâmica de construção permitiu dar solidez e cobrir maiores espaços edificados, do que as coberturas vegetais ou de pedra.
O telhado é constituído por duas peças que se combinam mutuamente, formando um revestimento aéreo que permite não só escoar a água da pluviosidade, como introduzir ainda uma componente estética aos edifícios.



A 1ª peça denominava-se tegula (palavra latina de onde vem a telha portuguesa e a teja espanhola) e constituía uma espécie de tijoleira plana rectangular, com um rebordo dos dois lados maiores. Cada peça era adossada sucessivamente à outra, pelos rebordos.



O 2º tipo de peça cerâmica curva, designado por imbrice, correspondia à capa e era colocada sobre a junção dos rebordos de todas as tegulae, cobrindo-as e impedindo a entrada da água pela junta.



Esta dupla combinação criou um tipo de telhado único que, com a queda do império romano, se perdeu, sendo progressivamente substituído apenas pela telha curvilínea, denominada mais tarde como telha mourisca. Este modelo perdurou até aos nossos dias (vejam os edifícios das aldeias mais antigas), salvo as introduções externas de ‘telha capa/caleira’ e ‘telha marselhesa’.
Descobrir num terreno fragmentos dispersos e rolados de imbrex e tegulae, associados, permite afirmar, com certa segurança, que estamos perante uma estação de cronologia romana (apesar das teorias de alguns de que o seu uso perdurou até ao século XIV!).
Temos assim um dos mais famosos artefactos arqueológicos romanos que funciona como uma espécie de ‘fóssil indicador’ da datação romana de um sítio arqueológico. Mas atenção! Os romanos empregaram os imbrex e as tegulae com outras funcionalidades (e não só nos telhados): como caleiras, condutas de água/esgotos e ‘caixões’ tumulares.

M.C.O.