A Literatura Romana do Baixo Império-III
O post de hoje vai ser unicamente sobre S. Agostinho; a vastidão do tema, leva-me apenas a lamentar não escrever mais. Pessoalmente, a única obra que li dele foi as “Confissões”, que é uma excelente fonte de informação não só auto-biográfica, mas também para compreender os problemas morais da época.
Nascido em 354 e morreu em 430. Era oriundo do que poderíamos chamar “classe média”: o pai era um pequeno burocrata local pagão, que se converteu na altura da morte (a mãe em compensação era uma cristã devota). Fez estudos de retórica, tendo um excelente domínio do latim, mas o grego escapava-lhe completamente (só o aprendeu tarde, sem dominar): o facto de conseguir ser nomeado professor de retórica em Milão (uma das capitais do ocidente) sem conhecer essa língua, mostra bem a decadência dos requisitos exigidos (S. Jerónimo que era mais velho e oriundo de uma família aristocrata, aprendera-o em casa como fora tradicional). Religiosamente, de neo-platónico (alguma vez deixou de o ser, como com toda a gente na época?) passou a maniqueísta. Mais tarde converteu-se ao cristianismo, sendo posteriormente baptizado (387). Regressou a Africa, onde seria mais tarde nomeado bispo de Hiponna, onde iria falecer, assistindo ao cerco da cidade pelos Vândalos (e aos últimos estertores do império do ocidente).
A sua obra mais importante do ponto de vista teológico (e consequências para a elaboração da doutrina católica) foi “De Trinitate”, onde tratou da S. Trindade (e estabelecendo uma obra em língua latina como pilar fundamental na teologia: até então, tudo o que interessava fora pensado e escrito em grego; o ocidente latino finalmente tomava um primeiro passo para se autonomizar). Ainda a destacar “A cidade de Deus”, no qual procura defender o cristianismo, dos que o consideravam responsável pela decadência do império, nomeadamente com o saque de Roma em 410, no qual ele separa a “cidade de Deus”, da “cidade dos homens”.
A sua obra mais conhecida foi claro as “confissões”: como já disse é uma obra auto-biográfica, em que são descritas as suas dúvidas, a sua crise espiritual, o percurso que seguiu (para um leitor moderno a obra é algo pessimista).
Escreveu imensas obras contra outras religiões da época (os maniqueísmo, donatistas, pelagismo, etc). Fez exegese da Bíblia. Escreveu sermões (escreveu também uma obra defendendo o casamento, contra autores que o consideravam uma mera cedência carnal). Escreveu mais obras que obviamente não podem ser aqui colocadas.
Q.F.M.
Roma Antiga
Blog sobre a Roma Antiga: história, cultura, usos e costumes.
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